PSB se movimenta para garantir fatia do governo Lula

Em meio à demora de Lula em anunciar os novos ministros, cresceu a bolsa de apostas sobre o espaço da legenda no governo

Diamantino Junior

Publicado em: 17/12/2022 às 14:07 | Atualizado em: 17/12/2022 às 14:07

Antes mesmo do início da montagem de seu terceiro mandato, o presidente eleito Lula encerrou as especulações envolvendo o vice e anunciou que Geraldo Alckmin não teria uma cadeira na Esplanada dos Ministérios. A regra, porém, está longe de valer para o PSB, partido de Alckmin.

Em meio à demora de Lula em anunciar os novos ministros, cresceu, nos últimos dias, a bolsa de apostas sobre o espaço que a legenda que compôs a chapa vitoriosa terá no governo.

Internamente, a indicação de Flávio Dino para o Ministério da Justiça é tratada como uma cota pessoal do presidente eleito e que, dessa maneira, não entra como uma pasta exclusiva da legenda.

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Nas conversas, membros do partido costumam ressaltar ainda que Dino, que fez carreira no PCdoB, está filiado ao PSB há menos de dois anos – ou seja, não é um nome tão ligado à sigla.

O PSB encolheu nas eleições deste ano, passando de 32 para 14 deputados. Mesmo assim, a sigla entende que merece um espaço robusto porque fez costuras estratégicas que ajudaram na eleição de Lula, como a desistência de Márcio França na disputa ao governo paulista, cedendo a vaga para Fernando Haddad.

Com uma vitória apertada, os votos de São Paulo são tratados como cruciais para a vitória do petista.

Em contrapartida, membros do PSB dão como certo que França ocupará um ministério em 2023.

O objetivo preferencial é o Ministério das Cidades, responsável por tocar obras relacionadas a moradia e saneamento básico e, por isso, de forte poder político e eleitoral. O problema é que outros aliados de Lula, como Guilherme Boulos (PSOL), querem a mesma pasta.

Mais: a disputa ministerial embute ainda uma corrida eleitoral. Para 2024, tanto Boulos quanto França vislumbram disputar a Prefeitura de São Paulo – e a decisão sobre o próximo ministro, que tenderia a não sair do cargo, pode ser determinante para definir quem será o nome de Lula no pleito.

Para completar, a ida de França solucionaria ao menos um impasse interno do PSB, que também tem a deputada Tábata Amaral de olho na corrida municipal.

Numa alternativa ao Ministério das Cidades, o PSB já sinalizou que toparia assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia ou o de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Além de França, outros nomes do partido já demonstraram a intenção de chegar à Esplanada dos Ministérios, como o ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara e o deputado Marcelo Freixo.

A dupla almejou assumir o Ministério do Turismo, mas a possibilidade já é tratada como remota, já que a pasta deve ser entregue ao PSD.

Com uma Esplanada cada vez menor, cargos no segundo escalão também começam a ser negociados. Aliados de Paulo Câmara dizem que ele poderia assumir a Codevasf ou o Banco do Nordeste.

Leia mais na matéria de Marcela Mattos no site da revista Veja

Foto: Gabriel Paiva/PT