Metade do ouro do Brasil em cinco anos saiu de terras indígenas

Quase todo ouro retirado de terras brasileiras, sem nenhum controle, tem como destino o exterior

MPF mineração

Ferreira Gabriel

Publicado em: 01/02/2023 às 14:30 | Atualizado em: 01/02/2023 às 14:30

De 2015 a 2020, foram comercializadas 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade extraídos de territórios indígenas e unidades de conservação.

Segundo os dados do Instituto Escolhas, que investiga as operações ilegais de ouro no país, o montante representa quase metade da produção nacional.

“Os garimpeiros ou qualquer pessoa que trabalhe na cadeia do garimpo, quando ele vai vender esse ouro no mercado, ele precisa vender obrigatoriamente para uma instituição que faz parte do sistema financeiro, que são as distribuidoras de títulos e valores imobiliários. E, no momento dessa venda, o garimpeiro precisa só preencher um formulário, que pode ser em papel, dizendo de onde vem esse ouro. É uma auto declaração de origem”, explica a pesquisadora do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues.

“A pessoa não vai dizer que vem da terra indígena. Vai dizer um outro número de lavra qualquer, e esse ouro vai entrar no mercado formal, por meio dessa instituição do sistema financeiro”, completa.

Para conter o avanço do garimpo ilegal é preciso seguir o caminho do ouro. A rota frenética de aviões do garimpo sobre a terra Ianomâmi dá a dimensão de um negócio bilionário que ultrapassa e muito os limites da floresta.

Quase todo ouro retirado de terras brasileiras – sem nenhum controle – tem como destino o exterior. Em 2020, os principais compradores foram empresas do Canadá, da Suíça e do Reino Unido.

A organização que representa as empresas do setor mineral já solicitou à Receita Federal a obrigatoriedade da emissão de notas fiscais eletrônicas – para registrar todas as operações que envolvem o comércio de ouro do garimpo.

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Foto: Divulgação