Considerado como um cientista que enfrentou abertamente os negacionistas da pandemia de covid (coronavírus), o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, recorda a tragédia no Amazonas, principalmente em Manaus, e faz revelações importantes.
Por exemplo, o cientista cita como o governo Bolsonaro usou a população do Amazonas para testes da cloroquina e da tal “imunidade de rebanho” na covid.
Da comunidade científica, Orellana foi dos primeiros a criticar abertamente o então presidente Jair Bolsonaro e seus ministros da Saúde.
Conforme ele, o governo federal atuou para jogar à população que o caos do Amazonas era devido à não realização do tratamento precoce. Aquele com cloroquina, ivermectina e outros, sem nenhuma comprovação científica.
“Nas últimas semanas temos tido muitos casos de morte em casa, o que é um reflexo da desassistência e do colapso da rede médica assistencial, responsável pela internação de pacientes graves, que, não raro, precisam de internação e leitos de UTI”, disse Orellana ao portal do Unisinos .
“É inaceitável porque já tínhamos conhecimento de como evitar a contaminação viral. Não nos ouviram, não ouviram a ciência e acabamos do jeito que estamos agora em Manaus. Um desastre sanitário e humanitário plenamente evitável”, afirmou em janeiro de 2021.
Orellana também afirma com convicção que mais de 2 mortes deixaram de ser incluídas na conta da covid.
Veja o que ele disse ao portal da Unisinos em janeiro de 2021, sobre essas mortes subnotificadas:
“Um dado alternativo é o número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave não especificada reconhecido pelo Ministério da Saúde. Se pegarmos os boletins epidemiológicos do Ministério, eles mostram que durante o ano de 2020 tivemos aproximadamente 80 mil mortes por esta causa no Brasil. Esse é um número muito alto, porque hoje devemos ter na realidade cerca de 260 mil mortos por Covid-19. Por quê? Porque no final de 2020 tínhamos perto de 200 mil mortes diagnosticadas de Covid-19, mais 80 mil de Síndrome Respiratória Aguda Grave não especificada, de modo que antes do ano passado o Brasil nunca havia notificado mais de 10 mil mortes por esta última causa. Não é possível que este ano tenha aumentado o total do número de mortes de forma tão violenta que não se possa associar estas mortes à pandemia do coronavírus. A razão desta subnotificação já sabemos: o Brasil é um dos países que menos testa para Covid-19”.
Jesem Orellana, em entrevista ao IHU On-Line.
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Cientista perseguido na covid
Igualmente interessante é como o cientista passou a ser perseguido até em casa por falar abertamente da má gestão da pandemia pelas autoridades.
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Foto: reprodução/vídeo