“Eu conheci o Amazonino nos anos 1950. Eu entrei no colégio Dom Bosco, estudava na primeira série ginasial e creio que ele era do segundo ano científico.
Como nós morávamos perto, ele morava na Joaquim Nabuco e eu na 10 de Julho, íamos juntos para o colégio Dom Bosco todos os dias.
Ele sempre foi muito atuante, com iniciativas, sempre foi uma pessoa muito proativa, portanto, eu conheci ele em 1959.
Depois, ele saiu do colégio Dom Bosco e foi para o Colégio Estadual, mais tarde ele entrou na faculdade de Direito e eu na faculdade de Economia.
E nós convivemos muito na República Livre do Pina, que era um triângulo ali perto da Polícia Militar. Logo, nós nos conhecemos e tivemos uma amizade muito antes da política.
Interessante é que na política nós terminamos nos separando. Ele foi para um lado e eu fui para outro.
Apesar de ele ter sido uma liderança do movimento estudantil, ele não era a maior liderança daquela época.
A maior liderança daqueles tempos era a Tarcila [Prado de Negreiros] por quem ele tinha profunda admiração, de quem ele foi namorado, noivo, casou com ela, teve filhos.
Movimento estudantil
Ele era também do Partido Comunista do Brasil (PCB), que na época era um partido clandestino. Já no primeiro governo do Gilberto Mestrinho, ele era uma liderança estudantil bem proativa e liderou alguns movimentos.
Um dos exemplos, eu lembro que o cine Odeon era na esquina das ruas Saldanha Marinho com Eduardo Ribeiro. Aumentaram o preço do cinema e ele, Amazonino, liderou um movimento de quebrar o cinema.
A verdade foi a quebra das vidraças dos painéis de anúncio dos filmes. Não foi nada além disso, mas na época foi uma grande confusão.
Nós vivemos muitos fatos interessantes, mas eu creio tanto eu quanto ele devemos respeitar a intimidade do outro, por isso, não vou revelar nada de pitoresco que aconteceu com ele, comigo ou com as pessoas daquela época.
Mas, digo que, além de proativo, sempre foi um sonhador, um pensador no sentido das coisas grandes. Sempre teve essa iniciativa.
Dodge Charger, o beberrão
Depois de formado em Direito, ele foi trabalhar no escritório de advocacia do Vicente Mendonça Júnior, ao mesmo tempo que ele era corretor de imóveis.
Como corretor de imóveis, ele fez a maior operação imobiliária da época, que foi a venda do cine Odeon. O bendito cinema que nós havíamos quebrado as vidraças dos painéis de anúncios, no movimento estudantil, contra o aumento do ingresso.
Ele vendeu, ganhou bastante dinheiro e com o dinheiro que ele ganhou, comprou um Dodge Charger, um carro que consumia muita gasolina.
E tem uma piada dele sobre isso. Ao chegar na República Livre do Pina, jovem, dirigindo esse carro, um dos poucos que tinham na cidade, o Afrânio Castro virou para ele e disse assim:
“Caboco. E o posto de gasolina tu já compraste?”
Isso porque o Dodger Charger era um verdadeiro bebedor de combustível.
Às gargalhadas, Amazonino respondeu: “Ainda não. Terei que vender outro bom imóvel para poder comprar o posto de gasolina.
Esse é um fato que ficou marcado na nossa juventude daquela época.
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Foto: Arquivo Pessoal/Serafim Corrêa