Luis Cláudio da Silva, filho do presidente Lula e dona Marisa Letícia, conta como foi do céu ai inferno em sua carreira como gestor esportivo e como se reergueu após todos os ataques sofridos por seu pai e sua família.
Em reportagem de Luis Augusto Simon, publicada no portal UOL, ele conta que seu recomeço aconteceu no Amazonas, por meio da equipe de futebol da cidade de Parintins, que subiu para a primeira divisão do futebol baré em 2022.
Ele é formado em Educação Física e tem cursos de gestão e de marketing esportivo. Se tornou conhecido no Brasil ao trabalhar em grandes clubes do futebol. Esteve com Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes, no Palmeiras, Santos e Corinthians. E também na base do São Paulo.
Para implementar o projeto do Parintins FC, Luis Cláudio conheceu Sung Un Song, um coreano que vive no Brasil desde os quatro anos de idade, formado em Engenharia Eletrônica na USP e dono da empresa Digitron, de computadores, instalada no Amazonas, na Zona Franca de Manaus (ZFM).
Em junho de 2021, um advogado tributarista, amigo de Sung e de Luis Cláudio, os apresentou. Disse que um estava precisando do outro. E deu match.
Sung, também fanático por futebol, queria participar do esporte no Amazonas. Viu uma porta se abrir quando a sede do Rio Negro, tradicional clube de Manaus, foi colocada à venda. Ele a arrematou em março de 2021, por R$ 3,78 milhões. Prometeu manter a estrutura intacta e investir no futebol, construindo um CT e chegando à Série A no prazo de cinco anos.
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Dois meses depois da compra, entretanto, o empresário desistiu da operação e devolveu todo o dinheiro ao clube, exceto a comissão de leiloeiro.
O que Luis Cláudio mais queria era um time de futebol. Ele trabalhava, na época, no gabinete do deputado Emídio de Sousa, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Não era seu sonho. “Se eu ficasse ali, não teria como crescer, teria de ser candidato a algum cargo e não queria. Gosto de política, mas não a esse ponto. Tinha dado um prazo para mim mesmo para definir o que fazer na vida”, conta.
Então, houve o encontro entre Sung e Luis Cláudio.
“Eu sugeri que ele começasse do zero, com um trabalho de base. A ideia era montar categorias menores e com trabalho social, com as crianças recebendo atenção médica, de dentistas, alimentação. De cada cem, ele poderia formar um jogador, mas teria a certeza de formar 99 cidadãos”, diz Luis Claudio.
A proposta soou como música para Sung, que é presidente da Fundação Matias Machline, que faz trabalho social Manaus. Em 2022, ele foi eleito o Industrial do Ano do Amazonas, também por causa de seu trabalho na Fundação.
Decidiu-se então que o time ficaria em Parintins, cidade que tem um forte campeonato amador, mas nunca profissional. Luis Claudio se tornaria diretor de futebol. Parintins é conhecida mundialmente por seu festival que reúne o Boi Garantido e o Boi Caprichoso. Lá, ou se é azul ou vermelho. A rivalidade é imensa.
As cores do uniforme do novo time foram escolhidas. Azul e vermelho, é claro. O mascote? Um touro. E o nome, Parintins FC.
Tudo certo. Tudo caprichoso. Tudo garantido. E, então, total mudança de rumos.
A Federação Amazonense convidou o Parintins para montar um time profissional e jogar a segunda divisão. O convite foi aceito, mas os outros clubes se assustaram pelos custos da logística de deslocamento.
Parintins está a 370 quilômetros de Manaus e não se chega de carro. É avião, muito caro, ou barco, muito demorado.
“São 16 horas”, explica Luis Cláudio. A cada deslocamento para Manaus, haveria necessidade de estadia em hotéis. E, pensando tragicamente, e se torcedores se deslocassem até Manaus de barco e houvesse um naufrágio. Quantas pessoas morreriam?
O clube, então, se deslocou para Rio Preto da Eva, a 50 quilômetros de Manaus. Lá, já houve um time chamado Holanda, mas o futebol estava parado. O projeto foi muito bem recebido pelo prefeito e Parintins conseguiu o acesso à elite do futebol Amazonense.
Agora na primeira divisão, o Parintins sonha alto, mas com os pés no chão. ”Estamos aprendendo e conhecendo o campeonato. A meta é não cair, conseguir a manutenção”, projeta Luis Cláudio.
O caminho está sendo traçado e ele está feliz. Voltou a fazer o que gosta, mas ainda precisa responder a pergunta: o parentesco com o atual presidente do país pode atrapalhá-lo outra vez, como no caso da Touchdown?
“Olha, faço meu trabalho e nunca fiquei falando de quem sou filho. No caso da Touchdown, não foi culpa dele. Tenho muito orgulho de ser filho dele e mais ainda da minha mãe. Todo ser humano convive nove meses a mais com a mãe do que com o pai. É muito amor”, diz.
Leia mais na matéria de Luis Augusto Simon no portal UOL
Foto: reprodução redes sociais