Covid: pesquisador aponta alta repentina de internação no Amazonas
De acordo com ele, em menos de 15 dias houve um aumento de 13 para cerca de 100 pacientes internados

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 16/02/2023 às 19:42 | Atualizado em: 16/02/2023 às 19:44
O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, demonstrou preocupação com o aumento súbito de pacientes internados com covid-19 (coronavírus) no Amazonas.
De acordo com ele, em menos de 15 dias houve um aumento de 13 para cerca de 100 pacientes internados com a doença na rede hospitalar local.
“A situação é preocupante, pois mais da metade da população do estado encontra-se com esquema vacinal em atraso para a primeira dose de reforço”, afirmou o pesquisador.
Outra observação feita por Orellana é que desde 7 de agosto do ano passado não era registrado um número tão alto, isto é, mais de seis meses.
Diante desse quadro, o epidemiologista orientou o uso de máscaras em todos os ambientes para quem ainda se encontra com esquema vacinal em atraso.
“Nesse caso, é crucial a intensificação dos cuidados preventivos, tais como uso de máscara em ambientes fechados e com aglomeração, como em eventos, transporte coletivo, manutenção do distanciamento social, higienização das mãos e atualização do esquema vacinal”.
Para ele, o cenário é desfavorável por causa do pico do período chuvoso, retorno escolar e proximidade do carnaval.
“Com toda a aglomeração que naturalmente a festa provoca, devem contribuir à elevação ainda maior de casos positivos e o consequente aumento de internações e possíveis óbitos evitáveis”.
Ademais, também criticou a subnotificações de casos em decorrência da vigilância epidemiológica e laboratorial considerada “ineficaz”.
“Há necessidade de termos em mente que a pandemia de covid-19 ainda não acabou e que estamos mergulhados em um dos poucos lugares do país em que se observa nova alta de casos”.
Orellana complementa:
“É realmente lamentável, sobretudo se considerarmos o lento e o nada empolgante processo de vacinação com as doses da vacina bivalente (fundamental, sobretudo aos grupos de maior risco) e o constrangedor silêncio e conivência de diferentes atores da sociedade amazonense”.
Contramão
Na avaliação do especialista, o Amazonas está na contramão de um quadro nacional mais promissor.
Para se ter ideia, conforme ele, houve a divulgação no último domingo (19) que, pela primeira vez, em 24 horas, o Brasil não registrou mortes causadas pela covid-19.
Para justificar essa análise, o cientista destacou recente relatório da Fiocruz no qual registrou aumento na tendência de síndrome respiratória aguda grave (Srag) na capital e no interior.
“Aliás, um dos raros exemplos de retomada da epidemia, em 2023, no nível estadual e na sua respectiva capital”.
Em síntese, Orellana observa:
“Portanto, os dados de aumento súbito nas internações de pacientes com covid-19 no Amazonas, são a prova de que o estado está na contramão de um panorama mais geral no país. Ademais, a franca retomada da epidemia no Amazonas, mostra que o estado segue sem extrair aprendizados sanitários efetivos e, portanto, como péssimo exemplo”.
Sobre a aplicação de doses de reforço bivalentes, ele disse que isso já deveria ter sido feito pelo governo Bolsonaro, pois as duas vacinas bivalentes da Pfizer foram aprovadas pela Anvisa em novembro de 2022.
Disse que a bivalente já está sendo aplicada em Manaus com “irrecuperável atraso” e vai ajudar na proteção dos grupos prioritários (idosos, gestantes e puérperas, pacientes imunocomprometidos, trabalhadores de saúde e indígenas, por exemplo).
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Foto: Divulgação/Prefeitura de Manaus