Golpistas nos QG: coronel PM denuncia ‘máfia do pix’ e aluguel a camelôs
Lembrando ainda da tentativa de invasão à sede da PF em 12 de dezembro, coronel disse que havia gente de alto poder econômico nos QGs.
Diamantino Junior
Publicado em: 16/03/2023 às 20:21 | Atualizado em: 16/03/2023 às 20:22
Em depoimento nesta quinta-feira (16/3) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa, o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), disse que houve uma “máfia do Pix” durante o acampamento golpista de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. Ele ainda relatou registros de tráfico de drogas, comércio ilegal, prostituição e até denúncia de estupro no QG.
Questionado sobre as ações da PMDF naquela mobilização bolsonarista, Naime lembrou de tentativas da corporação para evitar problemas no local, como a operação que tentava retirar o comércio ilegal.
“A gente já tinha informações sobre o comércio de tendas, em que a pessoa alugava até por R$ 600 para o ambulante vender ali. Tínhamos conhecimento da ‘máfia do Pix’, de lideranças que ficavam ali. Não temos nomes, mas elas ficavam no acampamento pedindo para que as pessoas fizessem Pix para manter o acampamento.”
Mais crimes
Naime chamou o acampamento de “epicentro do que aconteceu no DF, do dia 12 e do dia 8”. “Eu estive várias vezes naquele acampamento, eles viviam em uma bolha, não viam o que estava acontecendo fora dali. Parecia uma seita. Idosos em situação de abandono acharam ali um lugar para jogar um dominó, ter companhia. Ali foi o epicentro.”
Ele ainda culpou o Exército pela não desmobilização do ato. “Ali tinha tráfico de droga, ambulante, prostituição, denúncia de estupro. Coloquei 553 homens à disposição do Exército no dia 29 de dezembro de 2022, para retirar o acampamento. O GDF colocou DF Legal, SLU, estrutura completa, mas a operação foi cancelada. Foi planejada a tarde inteira do dia anterior. Exército disse como ia atuar, qual seria a atuação de cada órgão. Chegou na hora, nada aconteceu.”
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Lembrando ainda da tentativa de invasão à sede da PF em 12 de dezembro, ele disse que havia gente de alto poder econômico nos QGs. “No dia seguinte, Fábio Augusto tinha reunião com rede hoteleira e um dos hoteleiros dizia que os caras estavam hospedados no hotel. Eles fizeram a confusão e subiram para o hotel. Quem ficava no acampamento era gente paga. Quem orquestrava estava nos hotéis.”
Leia mais na matéria de Alan Rios publicada no portal Metrópoles
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil