O delegado da Polícia Civil do 14º DIP, Rafael Wagner, expulsou de sua delegacia o capitão Soeiro, oficial da Polícia Militar do Amazonas, na madrugada do dia 18, em Manaus.
Conforme vídeo que circula em redes sociais, e também informação de agentes da segurança pública, o militar quis interferir no trabalho do delegado. E fez isso aos gritos, o que levou Wagner a mandar que o policial militar e sua guarnição se retirassem da delegacia.
As atribuições das polícias são bem definidas na lei, cabendo, em síntese, à PM prevenir a ocorrência de crime, e à PC, a investigação e elucidação de um fato.
Dessa forma, quando um policial militar faz a detenção de qualquer pessoa, sua obrigação é apresentá-la imediatamente a um delegado. É a este a quem cabe pedir autorização da Justiça para prender alguém.
De acordo com o Sindepol (sindicato de delegados), Soeiro “tentou interferir na condução de uma ocorrência apresentada na unidade policial”.
Além disso, o capitão PM teria sido desrespeitoso com o colega da segurança pública do Amazonas.
Segundo o Sindepol, o policial militar quis intervir nas decisões do delegado. E, pior, “querendo impor sua vontade através de gritos e tentativa de intimidação em ambiente público”.
Veja o vídeo do caso
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Oficial na corregedoria
Como resultado, a entidade que representa os delegados de polícia do estado emitiu uma nota para repudiar a conduta do oficial da PM. E vai levar o caso à corregedoria-geral da segurança pública, pedindo providências.
De acordo com delegado que pediu para não ser identificado, esta não foi a primeira vez que o capitão Soeiro agiu dessa maneira contra policial civil. “Parece que ele guarda algum rancor, algum trauma, com a Polícia Civil”, disse essa fonte.
Dessa forma, o Sindepol reconhece se tratar de uma atitude isolada de Soeiro, que destoa do comportamento da grande maioria dos demais oficiais.
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Repúdio do Sindepol-AM
Quando funcionou a integração
No Amazonas, desde o governo Omar Aziz (2010-2014), as polícias Militar e Civil atuam no mesmo espaço, chamado DIP (Distrito Integrado de Polícia).
Essa era uma das premissas do programa Ronda no Bairro, enterrado três anos depois pelo governador José Melo (Pros).
Conforme o conceito do programa, atuando integradas, as polícias facilitam a vida do cidadão em busca de atendimento. Ao mesmo tempo, o governo economiza com a manutenção de prédios para abrigar delegacias e companhias.
Foto: reprodução/vídeo