Ex-comunista e deputado por 24 anos pelo PCdoB e quatro vezes ministro nos governos petistas de Lula da Silva e Dilma Rousseff, Aldo Rebelo conquistou os grileiros e fazendeiros de Altamira, que até o ano passado formavam uma sólida base bolsonarista.
Essa cidade do Pará, no arco do desmatamento , na rota da rodovia Transamazônica e centro de conflitos agrários e ambientais, tem sido desde janeiro o segundo domicílio do ex-comunista, que mora em São Paulo.
A partir da sede do município, à margem do rio Xingu, onde Jair Bolsonaro teve 62% dos votos no segundo turno da eleição de 2022, Rebelo tem percorrido a Amazônia com seu chapéu-panamá para promover um “projeto político” em que disputa a agenda do clima e do meio ambiente com o governo Lula.
Apesar da expectativa de apoiadores de que ele se lance como uma alternativa a Jair Bolsonaro, Rebelo nega ter ambições eleitorais e diz que seu horizonte é a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2025, a COP 30 , que Lula pretende realizar em Belém, a capital do Pará.
O ex-comunista virou uma referência para a elite agrária de Altamira, parte dela ligada à grilagem e ao assassinato de camponeses e seus apoiadores, ficou explícito no dia 23 de março passado, quando os senadores bolsonaristas Zequinha Marinho (PL-PA) e Damares Alves (Republicanos-DF) foram à cidade de jatinho para uma reunião pública convocada a pedido do Sindicato dos Produtores Rurais de Altamira (Siralta).
Liderança na extrema direita
O ex-ministro foi uma das poucas pessoas sem ligação direta com a extrema direita bolsonarista a ser entrevistadas para a série “A direita no Brasil”, lançada pela Brasil Paralelo em março deste ano com a intenção de discutir um novo rumo para o grupo depois da derrota de Bolsonaro.
Nos trechos em que aparece na série, Aldo se mostra equidistante de Bolsonaro e Lula. “Os antagonistas devem respeitar as regras do jogo, e o que está acontecendo é o uso das regras do jogo pelos antagonistas para tentar destruir um ao outro”, diz ele.
Ao site Sumaúma , o ex-ministro afirmou que não pretende se colocar como uma terceira via, “porque ela já está engarrafada”, e que não escolhe falar para a extrema direita: “Eu dou entrevista para quem me procura”.
Alegou que nem sabia o que era a Brasil Paralelo:
“Pensei que era até uma instituição ligada à universidade”.
Conforme Rebelo, só teria se dado conta quando a entrevista foi atacada pela direita e pela esquerda.
Ele, porém, por vezes usa códigos discursivos caros à extrema direita que situam o Brasil em um caos moral e social que demanda um salvador.
Leia a reportagem completa de Cláudia Antunes no site Unisinos .
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Foto: reprodução/foto pública