Marina afirma não poder dizer se é contra ou a favor da BR-319

De acordo com a ministra, já há problema de desmatamento no trecho em questão localizado entre os quilômetros 250 e 655,7

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 26/05/2023 às 19:10 | Atualizado em: 26/05/2023 às 19:14

A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o licenciamento das obras para o asfaltamento do trecho do meio da BR-319 será um processo técnico e complexo.

“Como eu estou no jogo do licenciamento aqui, digo que não dou aval nem negativa a priori. Eu digo que é complexo, que é difícil e que tem altíssimo impacto ambiental”, disse a ministra a deputados da Comissão do Meio Ambiente da Câmara.

De acordo com ela, já há problema de desmatamento no trecho em questão localizado entre os quilômetros 250 e 655,7.

“As pessoas me dizem: ‘Já temos as áreas consolidadas das cabeceiras da estrada’, mas nós temos o miolão, onde nós estamos tendo o maior índice de desmatamento”, alertou.

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Sobre a possibilidade de tornar a BR sustentável ou não realizar a obra, a ministra sugere que seja respondido algumas perguntas.

“Agora, eu pergunto, não sou economista, o seguinte: é uma BR só mesmo para as pessoas andarem de carro, para viajarem de carro, de transporte, de Manaus para Rondônia? É só para isso? É para o direito de ir e vir?”, indagou.

Para ela, com recursos do investimento de terraplanagem e de aterro poderia ser feito um fundo fiduciário para as pessoas poderem ter outros meios de transporte.

“O problema é que é uma estrada para atividades econômicas e será de alto impacto no coração da Amazônia. E, se a Amazônia ultrapassar os 20%, ela entrará em ponto de não retorno”, considerou.

A ministra diz que podem ser destruídos recursos de milhares de anos pelo lucro de poucas décadas.

“Porque, como diz meu amigo Gilberto Gil: ‘O povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe’. E a respeito daquilo que o povo quer e não sabe o que quer vai ser cobrado de quem sabia que deveria fazer certo e fez errado”, argumentou.

“Então, eu não posso dizer: ‘Sou contra, a priori; ou sou a favor’. Não sou. Vai haver um processo técnico que é complexo; já está dada uma licença prévia em que foram estabelecidos os critérios”, justificou.

Disse que o Ibama, o governo estadual e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão analisando o processo.

“Eu sei de todo o esforço que está sendo feito. Um projeto tem que ter viabilidade econômica, viabilidade ambiental e viabilidade social. É isto que tem que haver: prova dessas viabilidades e esclarecimento”.

Foto: Divulgação/Ministério do Meio Ambiente