José Maria Batista Damasceno, um engenheiro de pesca, tem passado décadas fugindo da morte na Amazônia brasileira. Enquanto trabalhava para convencer comunidades ribeirinhas sobre os benefícios da pesca sustentável, Damasceno enfrentou ameaças de pescadores ilegais e escapou de emboscadas. Seu compromisso de lutar contra o comércio ilegal e promover a pesca sustentável o levou a se opor aos criminosos ambientais que saqueiam os rios e terras indígenas da região.
A história é contada por Tom Phillips do jornal The Guardian e publicado pela Folha de S.Paulo .
A tríplice fronteira e a cidade de Atalaia do Norte
No coração do comércio ilegal de peixes e animais silvestres na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru encontra-se a cidade de Atalaia do Norte.
A cidade serve como base para ativistas indígenas e é um ponto estratégico para combater o comércio ilegal.
No entanto, Atalaia também se tornou parte de uma rede transnacional de caça proibida, com conexões com facções do tráfico de drogas.
O comércio ilegal prospera na região, apesar das promessas do governo de acabar com o crime ambiental.
O desafio da pesca sustentável e a proteção do pirarucu
Um dos principais desafios enfrentados é a pesca predatória do pirarucu, um peixe gigante ameaçado encontrado na região.
Os estoques de pirarucu foram abalados devido à pesca desregulada, levando caçadores furtivos a invadir o território protegido para extrair grandes quantidades de peixes.
O comércio ilegal do pirarucu, considerado uma iguaria em várias cidades latino-americanas, continua a florescer na região da tríplice fronteira.
A falta de controle e fiscalização efetiva permite que o comércio ilegal prospere.
A missão final de Damasceno e a luta pela sustentabilidade
Apesar dos riscos, José Maria Batista Damasceno está determinado a continuar sua cruzada pela pesca sustentável na Amazônia.
Aos 65 anos, ele planeja se aposentar após sua última missão, que envolve a implantação de projetos de pesca sustentável em comunidades de pescadores próximas, como São Rafael, São Gabriel e Ladário.
Damasceno acredita que a pesca sustentável é a chave para evitar a violência e ajudar as famílias carentes a resistirem à tentação de se envolverem no comércio ilegal.
Ele está convencido de que a pesca sustentável pode unir as pessoas, aumentar a consciência e abrir portas para a igualdade, direitos e aceitação.
Um futuro sustentável para a Amazônia
José Maria Batista Damasceno espera que sua luta pela pesca sustentável na Amazônia possa inspirar outros a seguir o mesmo caminho. Ele acredita que é possível alcançar um futuro sustentável para a região, onde a conservação dos recursos naturais e a prosperidade das comunidades locais andem de mãos dadas.
Para atingir esse objetivo, Damasceno defende a implementação de políticas eficazes de proteção ambiental, o fortalecimento das agências responsáveis pela fiscalização e o envolvimento ativo das comunidades locais.
Ele busca conscientizar os pescadores sobre a importância da pesca sustentável, promovendo práticas de manejo adequadas e incentivando a participação em programas de certificação que garantam a sustentabilidade dos recursos pesqueiros.
Além disso, Damasceno luta pela valorização e preservação das terras indígenas, reconhecendo a importância dessas comunidades como guardiãs do meio ambiente.
Ele defende o respeito aos direitos indígenas e o fortalecimento de suas capacidades de gestão territorial, para que possam desempenhar um papel ativo na proteção dos recursos naturais e na promoção de um desenvolvimento sustentável.
A batalha de José Maria Batista Damasceno não é apenas contra a pesca ilegal, mas também contra as forças que impulsionam esse comércio, como o crime organizado, a corrupção e a falta de vontade política.
Ele busca alianças com outras organizações e indivíduos comprometidos com a preservação da Amazônia, a fim de fortalecer a resistência contra aqueles que buscam explorar os recursos naturais da região de forma predatória.
Apesar dos desafios e perigos que enfrenta, Damasceno mantém a esperança de que é possível reverter a situação e construir um futuro mais sustentável para a Amazônia.
Sua determinação e coragem são um exemplo inspirador de como um indivíduo pode fazer a diferença na luta pela preservação do meio ambiente e pelos direitos das comunidades locais.
Foto: Coordenação Regional da FUNAI – Vale do Javari