Macacos-pregos machos namoram e fazem sexo, flagram cientistas

Episódio foi considerado “um feito inédito, porque os registros realizados até o momento se limitavam apenas a montas”

Mariane Veiga

Publicado em: 04/07/2023 às 21:09 | Atualizado em: 04/07/2023 às 22:49

Em artigo publicado no jornal Archives of Sexual Behavior, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) descrevem, pela primeira vez, o namoro completo de dois jovens macacos-prego-de-peito-amarelo selvagens machos. O ato foi registrado na Reserva Biológica de Una, no Sul da Bahia.

“O comportamento pode demonstrar um provável fortalecimento de vínculos afetivos entre amigos, o que reforça a ideia de que outras espécies de animais interagem sexualmente não somente para procriar, mas também para estabelecer conexões sociais”, explica a psicóloga Irene Delval, a primeira autora do artigo Homosexual Courtship in Young Wild Capuchin Monkeys: A Case Study.

O registro em vídeo aconteceu ocasionalmente durante a coleta de dados de pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da USP em um final de tarde, quando os macacos costumam se reunir no final do dia para relaxar e se preparar para dormir.

Os sujeitos dessa história são o Pimenta, um macaquinho de um ano e meio (19 meses), idade considerada o fim da infância e o início da juventude, e o Dumbo, que, embora não se saiba ao certo sua idade, pela avaliação de seu porte corporal e tufos de pelos, teria por volta de seis anos, um jovem adulto.

Eles foram gravados por 15 minutos ininterruptos pelos pesquisadores, que conseguiram registrar o ritual de acasalamento completo, que incluiu cópula, carícias, abraços, manipulação da genitália e montas alternadas entre os dois macacos.

O episódio foi considerado “um feito inédito, porque os registros realizados até o momento se limitavam apenas a montas”, diferentemente do que foi visto na gravação com Pimenta e Dumbo, que foram muito mais além em suas interações, diz a psicóloga.

Segundo o estudo, o comportamento sexual entre indivíduos adultos do mesmo sexo é comum no reino animal, sendo relatado em mais de 1.500 espécies, e os macacos-prego adultos são conhecidos por seu repertório comportamental sexual rico e flexível e pelos cortejos elaborados.

O artigo relata que o comportamento homossexual como o observado entre os macacos deve ser diferenciado da homossexualidade, pois este conceito predispõe preferências, que no caso somente os humanos têm condições de verbalizar.

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Foto: Reprodução