Deputados criticam PF e Ibama pela explosão de balsas com mercúrio

Deputados com posições políticas divergentes, Silas Câmaras (Republicanos-AM) e Chico Alencar (Psol-RJ) convergiram nesta quarta-feira (30) ao criticar as ações da Polícia Federal (PF) e do Ibama nas operações para destruir balsas do garimpo ilegal no rio Madeira, no Amazonas.

“Tudo isso é em nome da preservação do meio ambiente, dizendo que o mercúrio faz mal à água e às pessoas que moram no rio Madeira. O detalhe é que explodem a balsa com o mercúrio dentro, e, depois que explodem a balsa com o mercúrio dentro, fazem um teste”, disse Câmara.

Na última segunda-feira (28), o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou vídeo de uma operação da PF que resultou na destruição de 200 balsas de garimpeiros no rio Madeira.

Confira o vídeo da operação:

Na rede social, o ministro Flávio Dino exibiu os equipamentos dos garimpeiros sendo incendiado no rio.

“Deputado Silas Câmara, nós advogamos que toda e qualquer ação policial tem que ser baseada na inteligência, na racionalidade e na sensibilidade”, disse Alencar, e complementou:

“É claro que combater o mercúrio, a mineração ilegal, a pesca ilegal e a extração de madeira ilegal é fundamental, mas não de maneira desastrada, que acaba revertendo contra a própria operação”.

O deputado amazonense disse que a operação da PF parece “ação de capangas”.

“Invadiu as casas flutuantes e as balsas de trabalho dos extrativistas minerais, quando nem sequer documentos eles podem tirar. Isso é praticamente jogar as pessoas no rio e explodir a casa e a balsa deles, casas em que as pessoas moram e balsas em que as pessoas trabalham”.

De acordo com o parlamentar, foram atingidas 6 mil famílias de garimpeiros e mais 8 mil pescadores artesanais de toda a calha do rio Madeira. “Isso é uma irresponsabilidade sem precedentes”.

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Amostras

Em dezembro do ano passado, a PF prendeu três garimpeiros e destruiu 131 balsas no rio Madeira.

Na ocasião, foi coletado material das balsas, da água do rio, cabelo da população ribeirinha e folhas.

O resultado do laudo era que havia um nível de mercúrio na água de 15 a 95 vezes superior ao aceitável para consumo e uso recreativo.

O setor técnico-científico da Superintendência da PF no Amazonas concluiu que 85% dos elementos analisados tinham mercúrio e os contaminantes eram lançados a partir das balsas.

Foto: Divulgação