Amazonas e AmapĂ¡ tĂªm 95% de floresta nativa, maiores taxas do paĂ­s

Um levantamento inĂ©dito do MapBiomas revela que o Amazonas e o AmapĂ¡ apresentam as maiores proporções de vegetaĂ§Ă£o nativa no Brasil.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em BrasĂ­lia

Publicado em: 31/08/2023 Ă s 13:58 | Atualizado em: 31/08/2023 Ă s 13:59

Os atores polĂ­ticos amazonenses sĂ£o unĂ¢nimes em defender as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM) com base na sua importĂ¢ncia para a preservaĂ§Ă£o da floresta amazĂ´nica.

Levantamento inédito sobre a cobertura e uso da terra no país, realizado pelo MapBiomas entre 1985 a 2022, reforça esse discurso.

De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (31/8), o Amazonas e o AmapĂ¡ sĂ£o os estados com maior proporĂ§Ă£o de vegetaĂ§Ă£o nativa do paĂ­s, ambos com uma taxa de 95%. Roraima vem logo atrĂ¡s com 93%.

Em 1985, o Amazonas possuĂ­a 97% da cobertura vegetal preservada, ou seja, houve uma taxa de reduĂ§Ă£o de 2% nos Ăºltimos 38 anos. No caso do AmapĂ¡ essa taxa foi de 3% e de Roraima 5%.

 Para se ter uma ideia, o ParĂ¡ em 1985 possui uma taxa de cobertura vegetal nativa da ordem de 93%, sendo que reduziu para 77%.

Na AmazĂ´nia, outro dado preocupante Ă© sobre Mato Grosso, a potĂªncia do agronegĂ³cio. Em 1985, o estado possui 85% das florestas nativas contra 66% atualmente.

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JĂ¡ os estados com menor proporĂ§Ă£o de vegetaĂ§Ă£o nativa sĂ£o Sergipe (16%), Alagoas (20%) e SĂ£o Paulo (21%).

Nesse perĂ­odo, o estudo apontou o avanço do arco do desmatamento com forte expansĂ£o agrĂ­cola: no oeste da AmazĂ´nia, a fronteira entre Amazonas, RondĂ´nia e Acre, conhecida como Amacro.

Na regiĂ£o, o uso agropecuĂ¡rio aumentou dez vezes nos Ăºltimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares, que equivalem a 21% da Ă¡rea do territĂ³rio.

VegetaĂ§Ă£o nativa

Os dados do MapBiomas mostram uma perda de 96 milhões de hectares de vegetaĂ§Ă£o nativa no paĂ­s, uma Ă¡rea equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. A proporĂ§Ă£o de vegetaĂ§Ă£o nativa no territĂ³rio caiu de 75% para 64% no perĂ­odo.

Esse processo se deu mais fortemente na AmazĂ´nia e Cerrado, onde 52 milhões de hectares (equivalente Ă  Ă¡rea da França) e 31,9 milhões de hectares foram antropizados [resultante da intervenĂ§Ă£o humana] nesse intervalo.

Proporcionalmente Ă  vegetaĂ§Ă£o existente em 1985, os biomas que mais perderam vegetaĂ§Ă£o nativa atĂ© 2022 foram o Cerrado (25%) e o Pampa (24%).

As imagens de satĂ©lite mostram relaĂ§Ă£o forte da dinĂ¢mica de ocupaĂ§Ă£o de solo de agricultura e de pecuĂ¡ria.

Entre 1985 e 2022, 72,7% dos 37 milhões de hectares do crescimento da Ă¡rea de agricultura no Brasil se deram sobre Ă¡reas jĂ¡ antropizadas, especialmente pastagens.

Apenas 27,3% das Ă¡reas convertidas para lavoura temporĂ¡ria sĂ£o provenientes de vegetaĂ§Ă£o nativa, com destaque para o Pampa, a fronteira da AmazĂ´nia com Cerrado e a regiĂ£o do Matopiba.

No caso da pastagem, a situaĂ§Ă£o Ă© oposta: mais da metade (55,8%) das Ă¡reas convertidas para pasto sĂ£o provenientes de vegetaĂ§Ă£o nativa.

Foram 64 milhões de hectares de vegetaĂ§Ă£o nativa convertidas para pastagens. Outros 5,4 milhões de hectares (mais do que o estado do Rio de Janeiro) foram convertidos de vegetaĂ§Ă£o nativa para pastagem e depois para agricultura.

Foto: TV Brasil