Amazonas se prepara para vazante recorde
Municípios do interior podem sofrer com desabastecimento de comida e combustíveis; 20 mil alunos devem ficar fora da sala de aula

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 12/09/2023 às 16:34 | Atualizado em: 12/09/2023 às 16:35
O Estado do Amazonas deverá registrar, este ano, uma vazante maior do que a de 2010, que foi a mais drástica de todos tempos, até aqui.
A régua do rio Negro, naquele ano, chegou a anotar um nível de 13,63m no dia 24 de outubro. Na data de hoje, a régua marca 21,19m.
Mas a descida do rio acelerou nas última semanas, atingindo em 24 horas uma redução no nível de 28 centímetros. Assim, isso significa dizer que a cada 4 dias o rio poderá descer um metro. Nessa escala, ele pode facilmente baixar à casa dos 13 metros, porque a vazante na região de Manaus, por exemplo, vai até novembro.
Nas cabeceiras de rio, a vazante já preocupa. Na cidade de Juruá, banhada pelo rio de mesmo nome, a água baixou a nível preocupante. O prefeito local, Doutor Júnior (MDB), prevê que em duas semanas os barcos que transportam passageiros e cargas não chegarão mais à sede.
Pior: o município não tem estrada e aviões só os de pequeno porte.
Dados
O problema é que o governo tem dados de que a estiagem deverá se alongar até maio de 2024, com ápice em outubro que vem.
Foi que disse, em coletiva de imprensa, no fim da manhã desta terça-feira, 12/09, o chefe da Defesa Civil do Amazonas, coronel Máximo.
A entrevista foi convocada pelo governador Wilson Lima (União Brasil).
Na ocasião, ele mostrou que a estiagem deste ano poderá causa o desabastecimento de alimentos, a falta de combustíveis e o consequente racionamento de energia elétrica em cidades que não são ligadas ao Sistema Nacional e que não recebem o gás de Urucu.
Aulas
Além disso, ele falou que o fenômeno pode deixar fora da sala de aula cerca de 20 alunos. Hoje, segundo o governador, 40 estudantes já estão impossibilitados de se locomoverem para suas escolas.
As informações levantadas pelo governo preveem também perdas para agricultura e pecuária.
“O que gente está falando aqui não é para causar pânico, desespero. É para alertar”, disse Wilson Lima.
Plano
Além do alerta, o Governo do Amazonas vai tentar minimizar os impactos da estiagem, tratada pelas autoridades públicas do Estado como uma manifestação acentuada das mudanças climáticas porque passa o mundo.
A ideia de Wilson é antecipar as providências antes do período mais agudo do calor e da vazante: outubro.
Operação Estiagem
Por isso, o governador lançou a Operação Estiagem 2023.
Ela prevê dar suporte aos municípios para garantir a chegada de alimentos e combustíveis.
Nesse caso, a maior preocupação é com os municípios que ficarão sem rio navegável, isolados, na estiagem. Na conta do governo, esse é o caso de 24 cidades, que ,sequer, possuem pista de pouso.
“O problema não é ter comida e combustível. O desafio é fazer chegar isso à população”, disse o governador.
Educação
Quanto às aulas, Wilson Lima disse que o Estado vai lançar mão do ensino mediado por tecnologia.
Essa modalidade de ensino é dominada pelo Amazonas, pioneiro em ensino a distância em larga escala escala no Brasil.
Setor primário
Em relação ao setor primário, Wilson Lima anunciou incentivos. Ele falou de perdão de dívidas na Afeam e a compra de produção pelo Estado, e a subvenção à produção de itens produzidos pelo Amazonas.