A caravana da BR-319 já está na capital do Brasil. Depois de cinco dias, após deixar Manaus, no Amazonas, no último dia 2 de novembro , o grupo de sindicalistas percorreu os 885 quilômetros até Porto Velho, em Rondônia. De lá desceram pela BR-364, no Mato Grosso, passando por Goiás até chegar a Brasília neste domingo (5).
Na manhã desta segunda-feira (6), os membros da caravana da BR-319 receberam o BNC Amazonas para contar sobre a aventura, os percalços e reflexões sobre a viagem, que também um protesto e reivindicação do povo do Amazonas e do norte do país.
“Nós constatamos que, quando está no verão é poeira a perder de vista. Quando está no inverno é lama. Então, esses cinco dias de viagem foram chocantes, nos deparamos com carreta virando, sem acostamento para os motoristas, sem pátio de estacionamento”, disse Carlos Lacerda, diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas (Sindnap-Amazonas).
Mas, segundo ele, o que mais os impressionou, sendo um choque de realidade, foi quando entraram no Mato Grosso, em Cuiabá, assim como ao passar por Goiás: as estradas todas sinalizadas, todas duplicadas. Além disso, em Rondônia, belíssima ponte sobre o rio Madeira também causou impacto.
“Sempre digo que o PT não é contra a construção da BR-319 porque senão o [presidente] Lula não teria iniciado a ponte sobre o rio Madeira e a [ex-presidente] Dilma concluía. É uma ponte magnífica, entre Humaitá (Amazonas) e Porto Velho (Rondônia). Mas, de Manaus a Humaitá, é uma tragédia”.
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Rodovia essencia l
Já o presidente da Força Sindical no Amazonas, Vicente Filizola, disse que a BR-319 dos primeiros quilômetros da rodovia, no Careiro da Várzea, até o km 200, a estrada está razoável, com alguma conservação, sendo que até encontraram máquinas funcionando.
“Por isso, viemos a Brasília, ao governo federal, seja com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), Renan Filho (Transportes) ou com Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Viemos pedir para que essa rodovia seja asfaltada, pois, ela é essencial para o Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre e toda a Amazônia ocidental. Além de ela ser a nossa única ligação com o Brasil”.
Pontes: madeira e concreto
No caso das pontes, as duas únicas de concreto da BR-319 estão logo no início da via, no Careiro da Várzea, sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim.
Segundo os sindicalistas, as duas pontes desabaram há mais de um ano e até agora não foram reconstruídas. As demais pontes, mais de 40, são todas feitas em madeira. Pontes pequenas, em geral de 15 metros.
“Nada que lembre, nem de longe, as rodovias federais do restante do país. Basta pegar, como exemplo, as rodovias BR-364 e BR-174, duas das quais percorremos no trajeto de Porto Velho a Brasília”, disse o jornalista Osmir Medeiros, na caravana.
A BR-364 é uma rodovia diagonal, que corta o país, começando em São Paulo e terminando no Acre. No trecho dessa rodovia, que percorreram de Porto Velho a Vilhena, na divisa de Rondônia com Goiás, encontraram também dezenas de pontes, mas todas em concreto, mesmo as pequenas, de 8 a 12 metros.
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Integração
Segundo os sindicalistas, da caravana da BR-319, o governo federal liberou a ponte que vai ligar Guajará, no Amazonas, a Guayará, na Bolívia, sendo uma ponte internacional.
Além da Venezuela, que fica ao lado de Roraima, e estado do Acre, com uma ponte que liga ao Peru e ao oceano Pacífico.
“Então, essa estrada favorece a todos nós da região Norte. Por isso, estamos trabalhando e vamos trabalhar mais ainda para ver e chegar que o governo federal, com o presidente Lula, e pedir a conclusão da BR-319”, disse Francisco Bezerra, presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo do Amazonas.
Por outro lado o presidente do Sindicato dos Empregados de Turismo do Amazonas, Deive Couto, faz um paralelo entre a ponte sobre o rio Negro e a BR-319.
“Fizeram a ponte do rio Negro, com apenas 4,5 quilômetros, e gastaram quase R$ 1,5 bilhão. Já a BR-319, segundo as projeções, são R$ 900 milhões para asfaltar 450 quilômetros [o trecho do meio]”.
Também integram a caravana Simon Nemer e Manoel Magno, diretores da Força Sindical, assim como Leonardo Ferreira, da empresa Astech.
Agenda em Brasília
De acordo com os sindicalistas, a esplanada dos ministérios, em Brasília, vai amanhecer, nesta terça-feira (7), coberta com os banners da caravana, reivindicando a reconstrução da BR-319.
Ontem mesmo, eles receberam comunicado, vindo do ministro das relações institucionais, Alexandre Padilha, de que deverá receber a caravana da BR-319 na próxima quarta-feira (8).
O ministro teria dito que o governo tem interesse em conversar com os manifestantes. Mas, a audiência com a ministra Marina Silva, os sindicalistas ainda aguardam confirmação.
“Mesmo assim, ela nos recebendo ou não, estaremos lá na porta do Ministério do Meio Ambiente. Pois, estamos aqui em Brasília para isso. Foram cinco dias muito pesados e nós vamos sair daqui com a vitória”, disse Lacerda.
O diretor do Sindnap-AM afirmou ainda que o partido Solidariedade, ligado à Força Sindical, também ajuda na articulação da agenda com os ministros em Brasília.
“Fazendo essa agenda, acreditamos que sairemos vitoriosos”.
Foto: BNC Amazonas