8 de Janeiro: nenhuma autoridade do Amazonas no ato dos três poderes
Na cerimônia “Democracia Inabalada", Lula disse que, se o golpe prosperasse, a Amazônia seria reduzida a cinzas

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 08/01/2024 às 19:00 | Atualizado em: 08/01/2024 às 19:12
O ato em defesa da democracia, ocorrido no Congresso Nacional, nesta segunda-feira (8), para lembrar um ano dos ataques ocorridos nesta data em janeiro, levou cerca de 500 autoridades dos três poderes da República.
No entanto, a cerimônia “Democracia Inabalada” não contou com a presença de nenhuma autoridade do Amazonas, desde o governador do estado, prefeito de Manaus, os oito deputados federais e os três senadores da bancada.
O governador Wilson Lima está na China, em viagem oficial. O vice-governador, Tadeu de Souza, em férias.
Igualmente, grande parte dos deputados e senadores do Amazonas justificaram estar de recesso, mas com agenda em Manaus ou em algum lugar do estado.
Ausentes, as autoridades amazonenses não assistiram de perto o presidente da República, Lula da Silva, citar a Amazônia em seu discurso que condenou os “atos golpistas”.
De acordo com Lula, se o golpe tivesse prosperado, o Brasil estaria mergulhado no caos econômico e social, com reflexos na questão ambiental amazônica.
“O combate à fome e às desigualdades teriam voltado à estaca zero. Nosso país estaria novamente isolado do mundo, e a Amazônia em pouco tempo reduzida às cinzas para a boiada e o garimpo ilegal passarem”.
Na visão do presidente, adversários políticos e autoridades constituídas poderiam ser fuzilados ou enforcados em praça pública, a julgar por aquilo que o ex-presidente Jair Bolsonaro, chamado de “golpista”, pregou em campanha e seus seguidores tramaram nas redes sociais.
No discurso, Lula enfatizou que todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos.
“Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade, e a impunidade como salvo-conduto para novos atos terroristas no nosso país”.
Ao final da fala, o presidente da República sugeriu que quem duvida das urnas eletrônicas deve pedir aos seus partidos pela renúncia dos seus parlamentares que por esse meio também foram eleitos.
Lula lembrou ainda que, por três vezes, perdeu as eleições presidenciais, assim como por três vezes as venceu.
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Atos simbólicos
Ainda como parte da solenidade contra o atentado golpista de 8 de Janeiro, em ato simbólico, Lula e os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, participaram do ato de reintegração ao patrimônio público de uma tapeçaria de Burle Marx e de uma réplica da Constituição.
A obra de Burle Marx é de 1973 e foi vandalizada durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Após trabalho de restauração, a tapeçaria voltou ao patrimônio do Senado.
Já a réplica da Constituição foi recuperada, sem qualquer dano, após ter sido furtada da sede do STF.

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Fim das grades
Pacheco anunciou a retirada das grades de proteção que cercam o prédio do Congresso.
As barreiras, que eram usadas apenas em datas específicas, estavam instaladas em caráter permanente desde os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Para Pacheco, é hora de as instituições brasileiras darem “demonstrações de união”.
Ele afirmou que o ato desta segunda representa a “reafirmação da opção democrática” do país. Ao mesmo tempo, defendeu que esse objetivo só será alcançado se as autoridades nacionais dedicarem seus esforços ao bem-estar da população.
“Invocamos um compromisso geral e mútuo de superação dessa fase de divisão que atormenta o Brasil. Invocamos um compromisso geral para que trabalhemos lado a lado para garantir algo que é básico, mas é tão caro a todo brasileiro: dignidade. É difícil assimilar os valores democráticos quando se convive com violência, fome, desigualdades, desemprego”.
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Punições
Pelo Judiciário, Barroso afirmou que a depredação das sedes dos três poderes em 8 de janeiro foi um ataque meticulosamente planejado.
Conforme afirmou, a destruição física dos prédios foi incapaz de abalar o que cada um dos poderes simboliza, já que “não existe mais espaço para a quebra da legalidade constitucional no Brasil”.
O presidente do STF também garantiu que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do estado democrático de direito, além da depredação do patrimônio público, estão sendo punidos pela Justiça na forma da lei.
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado