Militares devem ser tirados da distribuiĂ§Ă£o de alimento a ianomĂ¢mis

A ideia Ă© que eles sejam substituĂ­dos por aeronaves contratadas de empresas privadas

Para trabalhar na terra ianomĂ¢mi, militares pediram R$ 993 mil por dia

Publicado em: 09/01/2024 Ă s 10:15 | Atualizado em: 09/01/2024 Ă s 10:16

O governo Lula da Silva (PT) estuda a possibilidade de retirar dos militares a tarefa de fazer parte do transporte aĂ©reo de cestas bĂ¡sicas na Terra IndĂ­gena (TI) IanomĂ¢mi, em Roraima. A ideia Ă© que eles sejam substituĂ­dos por aeronaves contratadas de empresas privadas.

Atualmente, um grupo interministerial trabalha nesse processo, que estĂ¡ em fase final de elaboraĂ§Ă£o das especificações tĂ©cnicas e de descriĂ§Ă£o das necessidades operacionais. Depois, caso a ideia avance, serĂ¡ preciso realizar consulta ao mercado e uma licitaĂ§Ă£o.

A prioridade Ă© a contrataĂ§Ă£o de helicĂ³pteros grandes, como os Black Hawks ou similares utilizados pelos militares. SĂ£o debatidos tambĂ©m cenĂ¡rios com emprego de aeronaves de menor porte.

A intenĂ§Ă£o do Executivo Ă© que a operaĂ§Ă£o tenha mais autonomia em relaĂ§Ă£o aos equipamentos militares.

Questionado, o MinistĂ©rio da Defesa afirmou que “o apoio logĂ­stico empregado pelas Forças Armadas se deu de forma emergencial, atĂ© que os Ă³rgĂ£os que tĂªm essa atribuiĂ§Ă£o como atividade finalĂ­stica pudessem implementar soluções duradouras”.

“Desde o inĂ­cio da força-tarefa do governo federal em territĂ³rio yanomami, em janeiro de 2023, foram entregues 36,6 mil cestas de alimentos”, afirmou a pasta, em nota. O ministĂ©rio destacou que a aĂ§Ă£o jĂ¡ aconteceu em parceria com outros Ă³rgĂ£os e aeronaves privadas.

A operaĂ§Ă£o de desintrusĂ£o da Terra IndĂ­gena Yanomami começou em janeiro de 2023, apĂ³s o presidente Lula realizar viagem ao local e o governo decretar emergĂªncia sanitĂ¡ria na regiĂ£o.

O MinistĂ©rio da SaĂºde encontrou quadros graves de desnutriĂ§Ă£o entre os yanomamis. A causa, dentre outras, era a contaminaĂ§Ă£o por mercĂºrio, elemento utilizado no garimpo ilegal e que poluĂ­ os rios e contamina animais e humanos.

RelatĂ³rios da Sesai (Secretaria de SaĂºde IndĂ­gena) revelados pela Folha mostraram que os postos sanitĂ¡rios foram deixados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em situaĂ§Ă£o precĂ¡ria, com remĂ©dios vencidos, seringas orais reutilizadas indevidamente e fezes espalhadas em unidades de atendimento, alĂ©m de desvio de comida e de medicamentos para tratamento de malĂ¡ria.

A obrigaĂ§Ă£o de expulsĂ£o dos invasores e garimpeiros ilegais do territĂ³rio foi determinada pelo ministro LuĂ­s Roberto Barroso, hoje presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda durante o governo de Bolsonaro —que nunca cumpriu a ordem.

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Foto: CMA/Twitter