Roraima e seca dos rios aumentaram queimadas na Amazônia

Dados do Inpe e MapBiomas mostram crescimento de 280% neste bimestre do ano.

Roraima e seca dos rios aumentaram queimadas na Amazônia

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

 

Publicado em: 28/02/2024 às 17:10 | Atualizado em: 28/02/2024 às 17:10

Nos últimos dias, dois dos maiores indicadores ambientais do país – Inpe e o MapBiomas – revelaram que as queimadas no Brasil tiveram aumento significativo nos primeiros dois meses de 2024.

Embora, essas mesmas instituições tenham mostrado queda no desmatamento especialmente na Amazônia.

Dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostram aumento de 248% das queimadas em todo o país, em janeiro deste ano. Isso em relação ao mesmo período de 2023. E, apesar da estação chuvosa, a Amazônia foi o bioma que mais queimou

Já o monitoramento dos focos ativos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que queimadas na Amazônia aumentaram 286% em fevereiro de 2024.

Dessa forma, a Amazônia registrou 2.838 focos de calor em fevereiro deste ano. No mesmo período do ano passado, o número de focos no bioma foi de 734.

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Motivos

De acordo com o monitor do fogo, do MapBiomas, devido à sua localização próxima à linha do Equador, Roraima apresenta características climáticas e geográficas singulares, que fazem com que o período de queimadas aconteça no início do ano, ao invés do meio para o final do ano, como em outras regiões da Amazônia.

A estação seca geralmente se estende de dezembro a abril, enquanto a estação chuvosa vai de maio a novembro.

É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período. Entretanto, esse ano teve o agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva, deixando a região ainda mais inflamável, disse a coordenadora do MapBiomas e diretora de ciência do Instituto de Proteção da Amazônia (Ipam), Ane Alencar.

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Ainda segundo o MapBiomas, mais de 1 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo no Brasil ao longo do mês de janeiro.

Em termos comparativos, é como se dez “Sergipes” tivessem sido queimados em um mês.

Enquanto janeiro de 2023 representou uma diminuição das queimadas, em relação a 2022, o primeiro mês de 2024 trouxe um aumento de 248% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Foram 287 mil hectares queimados em janeiro de 2023 contra 1,03 milhão de hectares no mês passado.

Desse total, 941 hectares (91%) ficam na Amazônia, que foi o bioma mais afetado pelo fogo no período, principalmente em decorrência das queimadas que afetam o extremo norte da região nesse período.

Foi um aumento de 266% em relação ao mês anterior. O segundo bioma mais atingido foi o Pantanal, com 40.626 hectares.

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Maiores queimadas

Os três estados com maior área queimada em janeiro ficam na Amazônia: Roraima, com 413.170 hectares atingidos pelo fogo – um aumento de 250% em relação ao mesmo período em 2023.

Já o estado do Pará teve 314.601 hectares queimados e o Amazonas, com 95.356 hectares. Roraima representou 40% do total queimado no país em janeiro e o Pará representou 30%.

Formações campestres, pastagens e florestas foram os tipos de vegetação mais consumidos pelo fogo em todo o país. Enquanto em Roraima 95% da área queimada foi em formação campestre, no Pará 41% foi em floresta e 49% em pastagem.

Foto: Agência Brasil