Eron Bezerra é pré-candidato do PCdoB a prefeito de Manaus

Com o comunista, a esquerda já tem pelo menos cinco nomes aspirando à cadeira de David Almeida. Promessa de metrô em Manaus está de volta.

Gabriel Ferreira, da Redação do BNC Amazonas*

Publicado em: 11/03/2024 às 12:18 | Atualizado em: 11/03/2024 às 12:30

Ao anunciar que é pré-candidato a prefeito de Manaus, nesta manhã de segunda (11), o ex-deputado federal Eron Bezerra (PCdoB) ressuscitou uma ideia bem conhecida do eleitor: o metrô.

Em entrevista ao programa “Manhã de Notícias”, do jornalista Ronaldo Tiradentes, o subsecretário da Amazônia de Ciência e Tecnologia disse que vai criar o metrô descarbonizado.

E disse das razões da sua pretensão de disputar está eleição.

Bezerra afirmou que quer debater temas de importância para a população de Manaus. Citou, por exemplo, tolerância e respeito à diversidade, “sem perseguir ninguém e fazer crescimento econômico”.

Nesse sentido, o comunista já falou até de projetos de governo.

O primeiro é a criação de um programa “periurbano” para ensinar o morador a produzir a sua própria comida.

De acordo com Bezerra, “é possível baratear o custo de vida das pessoas”.

O segundo projeto é a expansão da saúde básica. Conforme ele, é necessário ter “uma rede de proteção” ao morador de Manaus.

A segurança pública é também preocupante para o político, que é professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).

Conforme o comunista, a Guarda Municipal deve estar em cada quarteirão da cidade. E também nos ônibus do transporte coletivo.

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Metrô descarbonizado

Bezerra falou de uma ideia de transporte público que o morador da capital já está bem escaldado, que é é a de metrô. Desta vez, com intimidade com o ambientalmente correto: o descarbonizado.

De acordo com ele, a proposta é baseada no dado técnico que “nenhuma cidade com mais de 1 milhão de habitantes tem solução para o transporte de massa a não ser com metrô”.

Para Bezerra, “ônibus só serve para aumentar o engarrafamento”.

A promessa de metrô e outros meios de transporte de massa na capital, portanto, não é novidade para o eleitor.

Em 1996, o hoje presidente estadual do PL de Bolsonaro, Alfredo Nascimento, inaugurou a série de promessas mirabolantes para resolver essa dor de cabeça ao morador de Manaus.

Em disputa com o ex-deputado estadual Serafim Corrêa, Nascimento anunciou um metrô de superfície para cortar a capital de norte a sul.

Ele venceu a eleição, mas o metrô ficou só na promessa.

Ainda assim, o ex-ministro dos Transportes do governo petista se reelegeu quatro anos depois.

A promessa agora era de um sistema de ônibus em corredores exclusivos, que Nascimento batizou de Expresso. 

Inicialmente, até funcionou, mas logo foi abandonado e o caos nos coletivos continuou.

O manauense ainda viria a ser vítima de outras promessas que nunca passaram de maquetes digitais.

Amazonino Mendes, por exemplo, na terceira vez como prefeito (2009-2013), trouxe o BRT. Nada mais do que uma nova roupagem no Expresso de Nascimento, puro desperdício de dinheiro público. Só o estudo para o BRT custou, à época, cerca de R$ 11 milhões.

Quase dez anos depois, o novo prefeito Arthur Virgílio Neto decretava enterrado o fracassado plano de Amazonino.

Contudo, criava outro, só trocando uma letra: o BRT virava BRS (bus rapid service). Também não passou disso.

Mais do que uma promessa eleitoreira, Arthur Neto ainda deixou um legado perverso para o tráfego da cidade: a chamada Faixa Azul.

Sem um fluxo organizado dos ônibus, a tal faixa exclusiva só causou transtorno e aborrecimento nas principais vias de escoamento do trânsito de Manaus. O atual prefeito, David Almeida, sabiamente abandonou a ideia.

O monotrilho de Braga

Ademais, o eleitor deve lembrar de outro projeto jogado ao vento em época de eleição: o monotrilho do então governador Eduardo Braga.

Na disputa com Belém para ser sede da Copa do Mundo de 2014, Braga anunciou projeto bilionário de um trem sobre monotrilho aéreo, que levaria do centro da capital às zonas norte e leste.

Maquetes em terceira dimensão, estudos de solo de R$ 6 milhões, promessa de desapropriação de casas e outras eram exibidas na mídia.

Novamente, a sonhada solução para o transporte coletivo ficou só no imaginário.

E, dessa forma, de metrô de superfície, trem em monotrilho, BRT, BRS e outras ideias vazias, chega-se à eleição em 2024 com o metrô descarbonizado de Eron Bezerra. 

A conferir outras promessas dos demais concorrentes à Prefeitura de Manaus.

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Federação

Federados até 2026, PCdoB, PT e PV, pelo menos em Manaus, ainda não tem um nome definido para disputar a prefeitura.

Com Bezerra, o campo da esquerda progressista da federação chega a cinco pré-candidaturas, sendo quatro de filiados ao PT: Anne Moura, Sassá, Waldemir Santana e Sinésio Campos.

O ex-deputado federal José Ricardo deve manter pré-candidatura a vereador de Manaus, conforme Bezerra.

Dessa forma, de acordo com o político comunista, os partidos da federação devem debater esses nomes. Em seguida, ampliar as discussões para os partidos da base aliada do governo Lula, sobretudo os de centro-esquerda, como PDT, Psol e Rede Sustentabilidade.

“Todo mundo que apoia o governo Lula nós vamos procurar para construir uma chapa”, disse Bezerra.

Contudo, ele antecipou que a federação terá candidatura própria. “Isso já está pacificado entre nós”.

*Com colaboração da Redação do BNC Amazonas

Foto: reprodução/TV