Eleito em 2018 sob olhares desconfiados da elite política e intelectual do estado, e hoje no segundo mandato consecutivo, o governador Wilson Lima (União Brasil) põe em prática um antigo sonho do Amazonas.
Qual sonho? O de reduzir sua extrema dependência da Zona Franca de Manaus (ZFM ). Mais de 80% da economia do estado estão ancorados no faturamento das empresas do polo industrial de Manaus. A grande maioria delas de capital estrangeiro.
O sonho é também de se livrar do humor, principalmente do mau humor, dos políticos de Brasília, de políticos geocêntricos que não admitem o desenvolvimento da região Norte do país.
Há bem pouco tempo, com Bolsonaro (2019-2022), a ZFM sobreviveu a intensas tentativas de extingui-la.
Esse foi o mais recente ataque. Historicamente, a ZFM sempre foi alvo de movimentos do próprio governo central contra a existência do único modelo de desenvolvimento econômico legado à região.
O ex-governador José Serra, de São Paulo, quando ministro da economia do governo FHC (1995-2003), foi uma espinha atravessada na garganta do Amazonas.
Nem vou falar dos governos paulistas que atacaram o modelo com ações no STF (Supremo Tribunal Federal).
O discurso de que a economia do Amazonas deveria ser descentralizada de Manaus, a sede da ZFM, é antigo. Desde o governo Fernando Collor de Mello (1990-1992), pelo menos, que escancarou o país às importações, se prega a necessidade de interiorizar e diversificar a economia do estado.
Foi com Collor, portanto, que percebeu-se que a ZFM era forte, porém, ao mesmo tempo, frágil.
Tanto é assim que o ex-governador Amazonino Mendes tentou ampliar, diversificar e interiorizar a economia estadual com o programa agrícola Terceiro Ciclo. Não deu certo.
Depois se seguiram tentativas igualmente fracassadas, como a dos ex-governadores Eduardo Braga, com o Zona Franca Verde, e José Melo, que foi cassado antes de colocar em prática seu plano de exploração mineral.
O Amazonas, dessa forma, seguiu dependente das multinacionais instaladas em Manaus.
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Reviravolta
Hoje, quase seis anos após sua primeira experiência na política, eleito na disputa com os caciques históricos do estado, Wilson Lima consegue, efetivamente, pôr de pé o que seus antecessores tentaram e não conseguiram.
Ele, dessa forma, pode bater no peito e afirmar categoricamente que realizou o sonho do Amazonas. A economia e a riqueza estão compartilhadas com o interior do estado.
Lima pode falar com satisfação de ter implantado até agora dois grandes polos que vão alçar o Amazonas a um outro patamar de desenvolvimento socioeconômico. São eles o de gás natural e de potássio, nos municípios de Silves e Autazes, respectivamente.
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Gás e potássio
O governador trabalhou para cimentar essas conquistas. Por exemplo, em 2021 implantou a Lei do Gás, dando condições aos investimentos da Eneva na exploração do gás em Silves.
Hoje, a empresa gera 250 empregos diretos em sua operação. Além disso, emprega mais 800 em suas obras.
Até o ano que vem, auge das obras, há expectativa de abertura de 5 mil vagas de empregos, com investimento de quase R$ 7 bilhões até 2026.
O outro polo que vai trazer em bem pouco tempo um salto espetacular à região do rio Madeira é o de fertilizantes, em Autazes.
Lá, a empresa Potássio do Brasil prevê gerar, de cara, uns 1,3 mil empregos só para as suas obras de instalação. Quando começar a extrair a silvinita do solo, essa demanda por trabalhadores pode chegar a 17 mil.
Enquanto durar a vida dessa mina, estimada em mais de duas décadas, só a empresa concessionária da exploração deve gerar cerca de R$ 25 bilhões aos cofres de Autazes, do Amazonas e do governo federal.
É evidente que os números robustos ainda guardam distância com o faturamento do polo industrial da ZFM.
No entanto, as raízes de novas matrizes econômicas que Lima inaugura em seu governo já permitem sonhar com um futuro alvissareiro para a economia do Amazonas.
E olha que ainda faltam entrar os investimentos em um capital muito particular do estado: o turismo.
Foto: divulgação/Secom