Após tragédia no RS, governo se prepara para seca na região Norte

Conforme a secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, no caso do norte do país, as questões são práticas

A secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/05/2024 às 19:44 | Atualizado em: 16/05/2024 às 19:52

A secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, afirmou que o governo priorizou ações de prevenção, adaptação e mitigação para atuar diante dos desastres ambientais no país como a seca que se avizinha na região Norte.

“Lógico que não dá no imediato, mas a gente já precisa pensar em termos de água para aquela região porque a gente sabe que alguns desses rios vão secar”, disse a secretária durante debate, nesta quarta-feira (15), na Comissão Mista de Mudanças Climáticas.

No caso do norte do país, ela disse que as questões são práticas: “A gente já passou pelo El Niño e está chegando a La Niña. A pergunta é o que a gente já tem que fazer agora, que tipo de prevenção vai ser necessária em termos de alimentação, em termos de futuras irrigações”.

A secretária lembrou que o relatório 6 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já previa as enchentes no Rio Grande do Sul (RS) e a seca que está chegando no Norte.

“Isso não é bola de cristal. Isso se chama ciência e a ciência já está nos apontando para que a gente mostre um pouco esses caminhos. Agora, para isso, a adaptação e a prevenção e logicamente a mitigação têm que virar prioridade”.

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Conforme Ana, uma região do Nordeste está virando deserto, e o governo já sabe “mais ou menos onde é”.

“Então, essas informações existem. Agora, o que precisamos todos é criação de novas leis para que a gente pare de poluir, primeira coisa, que talvez seja a mais importante, mas também que dê capacidade para a gente se organizar e ter programas específicos”.

Dos 5.570 municípios brasileiros, 3.679 têm capacidade adaptativa baixa ou muito baixa.

“Se não lidarmos com adaptação e prevenção, a gente vai estar enxugando gelo”, afirmou.

De acordo com o IPCC, a adaptação à mudança do clima relaciona-se ao processo de ajuste de sistemas naturais e humanos ao comportamento do clima no presente e no futuro.

Já estão em andamento algumas ações para o fortalecimento da Agenda Nacional de Adaptação.

São elas: elaboração do plano clima, apoio técnico e científico para os estados e municípios e ações de impacto.

Para prevenção e mitigação dos efeitos, o governo trabalha com execução de obras e serviços em áreas de riscos; estabilização de encostas e barragens; contenção de erosões, realocação de pessoas; e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ela disse que o enfrentamento às mudanças do clima é uma das prioridades do governo federal, pois o país está na condição de sexto maior contribuidor de gases do efeito estufa.

Pauta

A secretária também cutucou os parlamentares considerados negacionistas climáticos que são autores ou defendem projetos considerados lesivos ao meio ambiente.

“Quem não for parte da solução é parte do problema. Não têm de estar [em cima] no muro. Ou você vai ser parte da solução ou vai ser parte do problema. Então, acho que todos nós agora temos que estar muito conscientes desse novo contexto que estamos vivendo”, afirmou.

Tramitam no Congresso 25 projetos e três emendas à Constituição que afetam o meio ambiente.

De acordo com levantamento do Observatório do Clima, são matérias que pertencem ao chamado “pacote da destruição” e envolvem temas como licença ambiental, grilagem, direitos indígenas, financiamento da política ambiental.

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado