Caso Djidja: família ia abrir pet shop para acesso fácil à ketamina

Polícia revela como a droga para cavalo e boi entrou na família de Cleusimar e já matou dois

Mariane Veiga, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 10/06/2024 às 21:39 | Atualizado em: 10/06/2024 às 21:43

O inquérito da Polícia Civil do Amazonas que investiga a seita Pai, Mãe, Vida e o uso de drogas revelou que a família de Cleusimar, Ademar e Djidja Cardoso tinha tudo encaminhado para abrir um pet shop ou clínica veterinária para ter acesso facilitado à ketamina e outros medicamentos para animais.

Conforme o delegado Cícero Túlio, à frente da investigação no 1º Distrito Integrado de Polícia, a família já havia alterado na Receita Federal a classificação nacional das atividades econômicas (CNAE) da rede de salões de beleza de Cleusimar.

Muitas dessas informações estão surgindo, conforme Túlio, do cruzamento de depoimentos e mensagens nos telefones celulares de dez envolvidos com o caso das drogas que foram presos até hoje, dia 10 de junho.

É o caso, por exemplo, de Bruno Roberto Lima e Hatus Silveira, ex-namorado e ex-personal trainer de Djidja.

Eles prestaram depoimentos ao delegado e foram liberados. Cruzadas as informações, no dia seguinte foram presos.

“Entendemos por representar pela prisão tanto de Bruno quanto de Hatus, haja vista as inconsistências identificadas nos depoimentos deles, quando confrontadas com os dados colhidos nos aparelhos telefônicos apreendidos durante a primeira fase da operação [Mandrágora]. Notamos que algumas informações inverídicas foram prestadas, pois encontramos no celular de Cleusimar conversas dela com ambos”, disse Túlio.

Além de Bruno e Hatus, foram presos no dia 7 de junho José Máximo Silva de Oliveira, 45 anos, dono de clínica veterinária no bairro Redenção, e dois de seus funcionários Emicley Araújo Freitas Júnior e Sávio Soares Pereira. Eles foram apontados como os fornecedores da ketamina e outras drogas para a família da seita.

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Como a droga entrou na família

De acordo com o delegado, a ordem cronológica dos fatos é a seguinte: 

  • Ademar Farias Cardoso Neto, de 29 anos, irmão de Djidja, teve contato com a ketamina durante uma viagem a Londres. Ao retornar a Manaus, ele conheceu um casal que lhe apresentou o medicamento na forma em pó.

“A partir de então, ele e seus familiares começaram a fazer uma espécie de experimentação para descobrir qual seria a melhor forma de utilização, visando render mais aplicações e consumo. Foi assim que chegaram à forma de aplicação subcutânea, que permite a injeção do medicamento diretamente no tecido que fica abaixo da camada superficial da pele (a derme) e acima do tecido muscular”, disse Túlio.

  • Cleusimar Cardoso, a Mãe na seita, além de usar a droga, começou a fazer uso de um livro chamado “Cartas de Cristo” e a realizar uma espécie de culto, onde faziam uma interpretação equivocada do livro. A partir de então, eles passaram a cooptar outras pessoas, principalmente funcionários do salão de beleza.


“Em determinado momento, a família Cardoso enfrentou dificuldades para comprar o medicamento. Foi então que Bruno teve acesso a Hatus, pois este trabalhava com fisiculturismo. Eles viram nessa aproximação uma oportunidade de fazer uma ligação entre Hatus e as empresas veterinárias para obter a ketamina com maior facilidade. Nesse aspecto, todos acabaram se vinculando e entrando na seita religiosa, facilitando o acesso da família Cardoso às clínicas veterinárias”.

*Com informações da Secom

Foto: Beatriz Sampaio/Secom