No Brasil, a cada dia, 62 jovens são assassinados, segundo a mais recente edição do Atlas da Violência, divulgada nesta terça-feira (18/6), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2022, quase metade (49,2%) dos 46,4 mil homicídios registrados no país vitimaram pessoas entre 15 e 29 anos.
Em 2022, os Estados que registraram maiores aumentos na taxa de homicídio juvenil foram Piauí (64,6%), Bahia (23,5%) e Amazonas (19,5%). Em contrapartida, Distrito Federal, São Paulo e Goiás tiveram as maiores reduções, com quedas de 72,1%, 58,9% e 49%, respectivamente.
O relatório aponta que um terço (34%) das mortes de jovens no Brasil foi por homicídio, principalmente por arma de fogo. Entre 2012 e 2022, o país registrou 321,4 mil vítimas de violência letal nessa faixa etária, com a maioria sendo homens negros.
Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e uma das coordenadoras do Atlas, destaca que jovens periféricos, pretos e pardos são frequentemente aliciados pelo crime organizado, abandonam a escola cedo e não encontram oportunidades no mercado de trabalho.
Em 2022, a taxa de homicídios para essa faixa etária foi de 46,6 por 100 mil habitantes, uma redução de 4,9% em relação ao ano anterior, mas ainda muito superior à taxa geral de homicídios, que ficou em 21,7.
Além de ser um número expressivo, as mortes de jovens não estão mais concentradas apenas nas grandes capitais.
O crime organizado se espalhou para cidades menores, com jovens atuando no narcotráfico. Regiões como Centro-Oeste e Norte têm sido alvo de facções como o PCC e o Comando Vermelho, resultando em aumento de crimes ambientais e riscos para populações locais.
São Paulo apresentou a menor taxa de letalidade juvenil (10,8), enquanto Bahia teve a maior (117,7). Samira Bueno ressalta que a Bahia precisa repensar sua política de segurança, destacando que a Paraíba, um Estado próximo, tem conseguido implementar políticas de prevenção eficazes.
A vitimização de pessoas negras representou 76,5% dos homicídios em 2022, com uma taxa de 29,7 homicídios por 100 mil habitantes negros. Em comparação, a taxa para pessoas não negras foi de 10,8.
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Entre 2012 e 2022, os homicídios de jovens resultaram em uma perda de 15,2 milhões de anos potenciais de vida, um indicador que considera a diferença entre a idade ao morrer e a expectativa de vida de 70 anos. As armas de fogo foram responsáveis pela maior parte desses anos perdidos, seguidas por instrumentos perfurantes e objetos contundentes.
Samira Bueno enfatiza que essas mortes prematuras são evitáveis e que políticas públicas eficazes podem reduzir a violência e salvar vidas jovens.
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Foto: reprodução