Amazonas é um dos três estados que mais assassinam seus jovens

Atlas da Violência mostra que 62 jovens são mortos diariamente no Brasil, com maioria sendo negros periféricos aliciados pelo crime organizado.

Diamantino Junior

Publicado em: 18/06/2024 às 22:25 | Atualizado em: 19/06/2024 às 05:30

No Brasil, a cada dia, 62 jovens são assassinados, segundo a mais recente edição do Atlas da Violência, divulgada nesta terça-feira (18/6), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2022, quase metade (49,2%) dos 46,4 mil homicídios registrados no país vitimaram pessoas entre 15 e 29 anos.

Em 2022, os Estados que registraram maiores aumentos na taxa de homicídio juvenil foram Piauí (64,6%), Bahia (23,5%) e Amazonas (19,5%). Em contrapartida, Distrito Federal, São Paulo e Goiás tiveram as maiores reduções, com quedas de 72,1%, 58,9% e 49%, respectivamente.

O relatório aponta que um terço (34%) das mortes de jovens no Brasil foi por homicídio, principalmente por arma de fogo. Entre 2012 e 2022, o país registrou 321,4 mil vítimas de violência letal nessa faixa etária, com a maioria sendo homens negros.

Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e uma das coordenadoras do Atlas, destaca que jovens periféricos, pretos e pardos são frequentemente aliciados pelo crime organizado, abandonam a escola cedo e não encontram oportunidades no mercado de trabalho.

Em 2022, a taxa de homicídios para essa faixa etária foi de 46,6 por 100 mil habitantes, uma redução de 4,9% em relação ao ano anterior, mas ainda muito superior à taxa geral de homicídios, que ficou em 21,7.

Além de ser um número expressivo, as mortes de jovens não estão mais concentradas apenas nas grandes capitais.

O crime organizado se espalhou para cidades menores, com jovens atuando no narcotráfico. Regiões como Centro-Oeste e Norte têm sido alvo de facções como o PCC e o Comando Vermelho, resultando em aumento de crimes ambientais e riscos para populações locais.

São Paulo apresentou a menor taxa de letalidade juvenil (10,8), enquanto Bahia teve a maior (117,7). Samira Bueno ressalta que a Bahia precisa repensar sua política de segurança, destacando que a Paraíba, um Estado próximo, tem conseguido implementar políticas de prevenção eficazes.

A vitimização de pessoas negras representou 76,5% dos homicídios em 2022, com uma taxa de 29,7 homicídios por 100 mil habitantes negros. Em comparação, a taxa para pessoas não negras foi de 10,8.

Entre 2012 e 2022, os homicídios de jovens resultaram em uma perda de 15,2 milhões de anos potenciais de vida, um indicador que considera a diferença entre a idade ao morrer e a expectativa de vida de 70 anos. As armas de fogo foram responsáveis pela maior parte desses anos perdidos, seguidas por instrumentos perfurantes e objetos contundentes.

Samira Bueno enfatiza que essas mortes prematuras são evitáveis e que políticas públicas eficazes podem reduzir a violência e salvar vidas jovens.

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Foto: reprodução