Mirando 2026, Wilson Lima dobra apostas nas eleições 2024

Recém-chegado ao clube de líderes políticos regionais, o governador mostra que quer fundar uma nova escola política ou, no mínimo, um novo grupo

Mirando 2026, Wilson Lima dobra apostas nas eleições 2024

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 08/07/2024 às 05:45 | Atualizado em: 08/07/2024 às 05:45

Governador não fez aliança com prefeitos dos maiores colégios eleitorais do estado, Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins, que estão alinhados a Braga e Omar

A entrada do ex-deputado Angelus Figueira (DC) na disputa pela Prefeitura de Manacapuru, na última quinta-feira, 4, não sacudiu apenas a disputa eleitoral na terra das cirandas.

O movimento ali também mexe nas estruturas da disputa política de 2026, no Amazonas.

Basta ver que o governador Wilson Lima (União) foi quem ungiu a candidatura do aliado.

Angelus era esperado na disputa desde abril, mas não o fez, deixando, até, então, o grupo do prefeito Beto D’Ângelo (MDB) livre, leve e solto com sua candidata, a atual a vice-prefeita Valcileia Maciel (MDB).

Ao lançar Angelus, Wilson deixa exposto que, definitivamente, dobrou suas apostas nas eleições 2024, mirando 2026.

Vejamos o que aconteceu.

É que Angelus fecha a posição do governador em relação aos quatro maiores colégios eleitorais do Estado (Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins).

Wilson não terá aliança com nenhum dos prefeitos desses locais, que, juntos, respondem por 62% do eleitorado amazonense.

Capital

Por exemplo, em Manaus, que possui mais da metade do eleitorado (54%), ele vai de Roberto Cidade (União). O presidente da ALE-AM vai enfrentar o prefeito David Almeida (Avante), que tenta sua reeleição.

Manacapuru

Em Manacapuru, maior colégio eleitoral do interior do Amazonas, ele pôs Angelus Figueira no jogo. O ex-prefeito da cidade vai enfrentar a candidata do atual prefeito, que não pode mais concorrer à reeleição.

Itacoatiara

Em Itacoatiara, segundo maior colégio eleitoral do interior do estado, Wilson colocou o deputado estadual Cabo Maciel (PL) na disputa. Maciel enfrentará o prefeito Mário Abrahim (Republicanos), que é candidato à reeleição.

Parintins

Na terra de Garantido e Caprichoso, Wilson também vai pro confronto com a máquina local, pilotada por Bi Garcia (PSD). O governador lançou a vereadora Brena Dianná (União); o prefeito, o vereador Mateus Assayag (PSD).

Eixos políticos do confronto

O que há em comum nessas quatro sedes de brigas locais de poder? Sao os eixos políticos divergentes que explicam a divisão.

Nos quatro casos, os prefeitos de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins se alinham ao grupo de poder que se movimenta para tentar voltar ao comando da máquina estadual em 2026.

Os líderes desse grupo são os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD).

Eduardo, irresignado com o resultado das urnas, tentou cassar o mandato de Wilson nas eleições de 2018 e 2022. Em 2026, ele disputará a reeleição, num cenário adverso, pois sua rejeição é a maior de todas, sobretudo em Manaus.

Omar Aziz, por sua vez, movimenta-se no sentido de voltar ao cargo de governador.

Wilson Lima, recém-chegado ao clube de líderes políticos regionais, mostra que quer fundar uma nova escola política ou, no mínimo, um novo grupo. Basta ver a aposta que faz.

Além disso, tem um projeto imediato de obter uma cadeira de senador da República.

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Eixos ideológicos

No campo ideológico, os quatro projetos se afinam também, ainda que enviezado.

Se bem vejamos. Em Manaus, David já se declarou um evangélico conservador, mas, ao aliar-se a Omar e Braga, guina ao progressismo, à esquerda.

Roberto Cidade concedeu medalhas de honra legislativa a Michele e Jair Bolsonaro.

Em Parintins, Mateus era do PL de Bolsonaro até o início do ano. Ele trocou de partido, em direção à ala progressista.

Em Itacoatiara, Cabo Maciel é do PL. Logo, bolsonarista. O outro lado, converge para os aliados de Lula no Amazonas.

Em Manacapuru, esse campo ideológico não se mostra exposto nas duas candidaturas.

Arte: Gilmal