Dono da Digitron na ZFM, coreano Sung Un Song é preso por desobedecer a Justiça
Empresário sul-coreano é denunciado de transformar o Tropical Executive Hotel em "Tropical motel".

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 07/08/2024 às 14:25 | Atualizado em: 08/08/2024 às 07:34
Dono da Digitron da Amazônia no polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM), o empresário sul-coreano Sung Un Song foi preso na noite do dia 6 de agosto. O motivo é que ele resolveu fazer uma assembleia extraordinária de condôminos do Tropical Executive Hotel, onde ele é síndico, sócio e dono de metade dos 370 apartamentos do condomínio-hotel.
Conforme denunciou o jornalista Ronaldo Tiradentes neste dia 7, no programa “Manhã de Notícias”, Song descumpriu ordem judicial para não realizar essa assembleia. No momento em que realizava o evento, a Polícia Militar entrou na sala e, com mandado em mãos, deu voz de prisão ao empresário.
O ato, contudo, não se concretizou, segundo imagens de vídeo (veja abaixo), porque Song resolveu encerrar a assembleia. Ao mesmo tempo, ele aparece usando o celular para, supostamente, falar com “padrinhos”, segundo Tiradentes.
Para Tiradentes, esse fato apenas consuma a série de problemas que o empresário sul-coreano criou como síndico do hotel.
“Dono da metade do hotel, ele faz as reuniões e assembleias e aprova o que ele quer. Porque ele tem maioria e, enquanto os outros proprietários não comparecem, ele vai lá sozinho e faz e acontece nas assembleias”.
Além de não prestar contas aos condôminos, o síndico cria e aumenta taxas.
“Como dono e síndico, e o conselho fiscal é todo dele, todos funcionários dele, e não presta contas sequer aos condomínios dele”.
Tiradentes disse que denunciava isso com conhecimento de causa, já que teve um apartamento no hotel, mas se desfez do imóvel porque não suportou mais as atitudes de Song.
“Ele quer que todo mundo venda para ele os apartamentos, a preço de banana. É por isso que ele faz e acontece”.
Como resultado, Song é alvo de ações de moradores do hotel na Justiça. Daí a ordem para que ele não realizasse a assembleia deste dia 6.
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‘Tropical motel’
O envolvimento do coreano com polêmicas no Tropical Executive Hotel não é novidade. Em 2021, por exemplo, moradores se referiam ao prédio como “Tropical motel”.
Era uma forma irônica que moradores encontraram para denunciar que Song usava o hotel para encontros sexuais de prostitutas com empresários e políticos.
Tiradentes ampliou essa situação ao afirmar que o síndico aluga a piscina nos finais de semana para “day use”.
“O que tá acontecendo ali, na piscina, é um ponto de prostituição”.
Em 2021, um dossiê apócrifo sobre essa situação no Tropical Executive foi enviada a vários veículos da imprensa em Manaus. O autor só se identificava como morador do hotel e dizia ser porta-voz da preocupação dos donos de apartamentos com a desvalorização dos imóveis diante da crescente prostituição no local.
“O consenso geral é de que o Tropical é hoje um prostíbulo de luxo travestido de hotel. Qualquer cidadão que for ao local nos finais de tarde, e ficar nas proximidades, logo perceberá os movimentos suspeitos que confirmam esses relatos”, dizia trecho do dossiê.
Nesse mesmo ano, Song criou problemas com os novos donos do vizinho Hotel Tropical Manaus, o grupo Fametro, da empresária Maria do Carmo Seffair.
Para continuar usando o estacionamento e o píer do inativo Hotel Tropical, Song tentou atrapalhar obras de reforma.
A compra do Rio Negro
O milionário empresário sul-coreano da ZFM, no início de 2021, foi alvo da mídia ao comprar a sede do clube Rio Negro por R$ 3,6 milhões.
Song se aproveitava, dessa forma, da situação de falência do histórico clube de futebol profissional, afundado em dívidas trabalhistas e tributárias. Ele foi o único a participar do leilão do prédio, avaliado em quase R$ 10 milhões.
Criticado pelo oportunismo, em maio desse ano a Justiça obrigou que Song desistisse do negócio, e assim aconteceu.
A denúncia de Tiradentes
Foto: reprodução/vídeo