Funai e Ufam fazem parceria para incluir indígenas no ensino superior
Reunião em Brasília discutiu formas de acesso e permanência de indígenas na Universidade Federal do Amazonas

Da Redação do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 16/08/2024 às 17:43 | Atualizado em: 16/08/2024 às 17:45
Em meio aos debates, escutas e seminários promovidos pelo Ministério da Educação (MEC) em todo o país, para a criação da Universidade Indígena no Brasil, a Funai e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estudam parceria para incluir indígenas no ensino superior.
Dessa forma, nesta quinta-feira (15), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) recebeu representantes da Ufam para discutir formas de ampliar o acesso.
Além disso, discutiu-se, nessa reunião, a atuação da universidade federal amazonense nas terras indígenas por meio de projetos de extensão.
De acordo com a direção da Funai, a ideia é construir parceria interinstitucional para reduzir as dificuldades socioculturais e linguísticas enfrentadas por jovens indígenas ao ingressar no ensino superior.
Além disso, a autarquia indigenista e a Ufam trataram da necessidade de ampliar a quantidade de bolsas-permanência para auxiliar nos custos financeiros dos estudantes. Por exemplo, com moradia, ao sair de seus territórios para residir próximo da universidade.
A diretora de administração e gestão da Funai, Mislene Metchacuna, destacou a importância de parcerias com outros órgãos e instituições para viabilizar a construção de políticas públicas mais assertivas.
“O acesso indígena à universidade é primordial, mas também a garantia da permanência, a conclusão dos cursos e o retorno aos seus territórios para dar continuidade aos projetos de vida de seus povos é fundamental. Nesse sentido, o diálogo e parceria entre Funai e Ufam é de suma importância e precisamos avançar neste sentido”.
O coordenador de processos educativos da Funai, André Ramos, disse que a autarquia não executa diretamente a implementação de políticas de educação. No entanto, cabe à Funai propor e orientar a política indigenista, em parceria com outros órgãos e com os estados e municípios, para promover e proteger os direitos dos povos indígenas.
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Formação
Os representantes da Ufam destacaram a importância de formar profissionais com orientação sobre as particularidades dos povos indígenas e que conheçam as dificuldades logísticas de acesso às comunidades.
Além disso, que formem indígenas com a qualificação necessária e que se sintam acolhidos pela universidade, que deve ter adequação e condições estruturais para melhor atuar.
“O ideal é preparar, por exemplo, o médico para ter essa visão, esse conhecimento das populações tradicionais, respeitando suas especificidades”, disse a diretora do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB Coari), da Ufam, Vera Lúcia Bentes.
Também representaram a Ufam Geone Maia Corrêa, do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Itacoatiara); Davy Silva, do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (Humaitá); e Antônio Vágner Olavo, do Instituto de Natureza e Cultura (Benjamin Constant).

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Universidade Indígena
Por outro lado, o Ministério da Educação (MEC) está promovendo diversos seminários voltados à escuta dos povos indígenas e suas lideranças, com a finalidade de subsidiar a criação, implementação e organização da primeira universidade indígena do Brasil.
No Amazonas, em julho deste ano, foram realizados seminários em Manaus, Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira.
Sendo uma parceria do MEC, Ministério dos Povos Indígenas e Funai, a criação de universidades indígenas e outras instituições de ensino superior (multicampi ou polos) é uma demanda antiga dos povos indígenas.
O pedido foi apresentado nas Conferências Nacionais de Educação Escolar Indígena (I e II Coneei), realizadas em 2009 e 2018.
“É uma universidade que precisa ter a nossa identidade, refletir a nossa visão do futuro das terras e povos. Precisamos, portanto, ver a universidade como um espaço de fortalecimento das nossas lutas, formando mulheres e homens indígenas para defender os nossos direitos. Temos mais de 305 povos, então, a universidade que queremos deve estar aberta a toda essa diversidade”, disse a diretora de promoção ao desenvolvimento sustentável da Funai, Lúcia Alberta, que é indígena do povo baré.
*Com informações da Funai.
Fotos: Divulgação