Amazonas: seca do rio Solimões revela ruínas de forte militar

A seca extrema no rio Solimões revelou dois canhões históricos usados na defesa do Forte São Francisco Xavier.

Diamantino Junior

Publicado em: 17/09/2024 às 16:12 | Atualizado em: 17/09/2024 às 16:12

A severa seca que assola o município de Tabatinga, a mais intensa dos últimos 42 anos, revelou um tesouro histórico submerso nas águas do rio Solimões: dois canhões utilizados para defender o Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, construído no século XVIII.

As peças de artilharia, com cerca de duas toneladas cada, foram encontradas por pescadores no último sábado (14/9). Escondidas pelas águas por décadas, os canhões emergiram devido à baixa histórica do rio, que atingiu a cota negativa de -1,91 metros.

“Subimos aqui nessa direção e me deparei com alguma coisa muito grande, algum ferro”, relatou Alex Cajueiro, um dos pescadores que encontrou os canhões.

“Aí eu chamei os amigos, eles vieram e aí viram que era um canhão. Nossa pescaria não foi boa, mas creio que a gente pescou essa relíquia que faz parte da nossa história”, completou.

Um tesouro histórico

Os canhões encontrados faziam parte do arsenal utilizado pelos portugueses para proteger a região do Alto Solimões das incursões espanholas. Segundo o historiador Luís Ataíde, além da defesa, as peças também serviam para coibir o contrabando.

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“Estes canhões serviam para inibir o contrabando na nossa região e também para marcar e estabelecer força à coroa portuguesa na região do Alto Solimões”, explicou o historiador.

Um marco da história brasileira

A descoberta dos canhões ressalta a importância histórica do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, um marco da luta pela conquista da fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Apesar de ter sido inundado em 1932, o forte continua sendo um símbolo de resistência e está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos.

O Exército Brasileiro, responsável pela remoção dos canhões, planeja integrá-los ao acervo do Museu do Comando de Fronteira Solimões, onde já existe um memorial que reproduz parte da estrutura do forte.

A seca e seus impactos

A seca extrema que revelou os canhões também expôs as ruínas do forte, um lembrete da fragilidade do patrimônio histórico diante das mudanças climáticas. A baixa histórica do Solimões impactou a vida da população local, afetando a pesca, o transporte fluvial e a economia da região.

Um desafio para o futuro

A descoberta dos canhões é um convite para refletir sobre a importância de preservar a memória histórica e cultural do país. É fundamental que sejam tomadas medidas para proteger o patrimônio histórico e cultural da região, garantindo que as futuras gerações possam conhecer e valorizar a história do Brasil.

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Foto: reprodução