De quase 2 mil focos de queimadas no país, 51% só no AM e MT

O Brasil contabilizou 1.943 focos de incêndio em um dia, com destaque para a Amazônia. Além das queimadas, o país sofre com uma seca histórica e ondas de calor.

Diamantino Junior

Publicado em: 23/09/2024 às 10:20 | Atualizado em: 23/09/2024 às 10:20

O Brasil registrou 1.943 focos de incêndio no domingo, 22 de setembro de 2024, conforme dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta segunda-feira (23/9). A Amazônia concentra 61,6% dos focos, totalizando 1.196 ocorrências.

Mato Grosso lidera

Entre os estados, Mato Grosso registrou o maior número de queimadas em 24 horas, com 547 focos, seguido pelo Amazonas (448) e Rondônia (239).

O Cerrado também apresentou um número elevado, com 397 focos, representando 20,4% do total. Dos seis biomas brasileiros, cinco foram afetados pelos incêndios.

Setor ambiental em alerta com alta histórica

Os números de queimadas deste ano vêm quebrando recordes.

Em agosto de 2024, o país registrou 68.635 focos de incêndio, o maior índice dos últimos 14 anos e o quinto pior da série histórica iniciada em 1998.

O número representou um aumento de 144% em relação a agosto de 2023.

Até o momento, setembro já ultrapassou esses números, acumulando 72.962 focos.

No total de 2024, o Brasil já contabilizou 200.013 ocorrências de incêndios.

Secas intensificam cenário de queimadas

Além dos focos de incêndio, o Brasil enfrenta a pior seca em 44 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O fenômeno, que teve início em junho, é impulsionado por dois principais fatores: fortes ondas de calor — foram seis registradas desde o início do inverno — e a antecipação da seca em algumas regiões, como a Amazônia, onde a estiagem começou um mês antes do previsto.

Amazônia sofre com seca prolongada e incêndios

A situação é particularmente crítica na Amazônia, que enfrenta a mais longa estiagem já registrada, com um ano de seca contínua.

Três fatores principais explicam o agravamento da situação:

El Niño: o fenômeno, que aquece as águas do Oceano Pacífico, impactou diretamente o regime de chuvas.

Aquecimento anormal do Atlântico Tropical Norte: a elevação de até 1,4°C na temperatura das águas nessa região contribuiu para a seca.

Temperaturas globais recordes: julho de 2024 foi o mês mais quente já registrado, criando condições para ondas de calor mais intensas e prolongadas.

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O cenário exige ações urgentes para mitigar os impactos ambientais e sociais causados pela combinação de incêndios e seca, que coloca em risco a biodiversidade e as comunidades locais.

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Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC Amazonas