Empresária dança ao ar livre em Manaus para conter Alzheimer
Artista visual e empresária, Rosa dos Anjos dança carimbó para manter a mente ativa e combater os efeitos da doença.
Wilson Nogueira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 04/06/2025 às 08:25 | Atualizado em: 04/06/2025 às 08:29
Rosa dos Anjos, artista visual, também tem os seus momentos de dançarina de carimbó, gênero musical que surgiu no estado do Pará.
Além de dançar porque gosta, ela adota a diversão em sua rotina para amenizar as complicações do mal de Alzheimer.
Há 12 anos, Rosa recebeu o diagnóstico médico de que está acometida pela doença.
Ela nasceu em Belém, a capital paraense, mas aos 2 de idade seus pais migraram para Manaus, capital do Amazonas em que cresceu, estudou, namorou, casou e se tornou produtora e empreendedora de artes plástica.
“Manaus é a minha casa. Sou amazonense por adoção e coração. Aqui me sinto segura e feliz”.
Aos sábados, ela coloca a sua saia larga, comprida e estampada em cores vivas, põe os hits de Pinduca, o rei do carimbó, na caixa de som e dança com desenvoltura e alegria.
O show particular acontece em frente à sua loja Etnia, na rua Tapajós, entorno do Teatro Amazonas.
Enquanto a funcionária da loja dá conta de atender à clientela, Rosa dança na calçada, para manter o corpo e a mente ativos.
“Não danço com o compromisso de agradar alguém. Danço para mim mesma e porque adoro arte. Sem arte não há vida”.
A artista visual revela que sonhou, quando criança, ser bailarina clássica, mas foi inibida pelos pais, seguidores de uma religião evangélica cristã, que via na dança a manifestação do pecado.
Rosa não descarta que alguns clientes entrem em sua loja atraído pela dança e pela música amazônica, mas reforça que esse não é o objetivo da performance espontânea que realiza. “Existe sempre a possibilidade de criação de novos neurônios”.
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Amazônia
Casada com o também artista visual Marlon Prado, Rosa produz e comercializa artesanato há vários anos, desde que começou com uma lojinha no então hotel Tropical de Manaus, na Ponta Negra.
No novo endereço, no centro de Manaus, o casal está há dez anos com uma loja com mais de duas mil peças, entre as quais as produzidas por ela e pelo marido.
A proposta da loja é, por meio do artesanato, surpreender os clientes com a pluralidade de estilos de vida da Amazônia.
Ela entende que em cada peça artística está a impressão de peculiaridades amazônicas que o cliente, principalmente os turistas, podem expor com orgulho em espaços familiares, púbicos ou de trabalho.
Rosa afirma que sua loja mantém uma relação de respeito com os artistas e as culturas espelhadas por eles. “Precisamos reconhecer que devemos agir com ética no relacionamento com Amazonia e sua biodiversidade”.
Sobre Alzheimer
A doença de Alzheimer é uma síndrome que destrói as células nervosas, danifica o cérebro e, geralmente, leva à deterioração da capacidade de processar o pensamento além do que seria esperado pelas consequências habituais do envelhecimento biológico, segundo registro da Organização Mundial da Saúde.
Ainda segundo a instituição, embora a consciência não seja afetada, o comprometimento da função cognitiva é, geralmente, acompanhado e, ocasionalmente, precedido por alterações no humor, no controle emocional, no comportamento ou na motivação.
Mas, o paciente pode manter a qualidade de vida em dia se for fisicamente ativo e participar de atividades e interações sociais que estimulam o cérebro a manter suas funções.
É isso que Rosa faz, e recomenda.
Foto: Rosária Nogueira/ especial para o BNC Amazonas