Museu Vivo inaugura exposição na baixa do Garantido

É possível ver os banners que demarcam os locais onde nasceram ou viveram pessoas que fazem ou fizeram parte dessa comunidade que se construiu ao redor do boi Garantido.

Museu Vivo inaugura exposição na baixa do Garantido

Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas em Parintins

Publicado em: 25/06/2025 às 13:14 | Atualizado em: 25/06/2025 às 17:14

Em uma ação do Departamento de Patrimônio e Memória, o boi-bumbá Garantido inaugurou em 24 de junho uma exposição que demarca o Museu Vivo da Baixa da Xanda.

Desde às 17h de ontem é possível ver os banners que demarcam os locais onde nasceram ou viveram pessoas que fazem ou fizeram parte dessa comunidade que se construiu ao redor do boi Garantido.

Na rua Lindolfo Monteverde, viam-se alguns deles, como os de Nande Silva, Denildo Piçanã, Ito Teixeira. Na avenida Nações Unidas, está o banner de Porrotó, filho adotivo de Lindolfo Monteverde.

Ao redor do mercado Lindolfo Monteverde, na baixa propriamente dita, estavam um ao lado do outro os banners dos compositores do boi Garantido.

Homenageados

A solenidade de abertura ocorreu no palco do mercado municipal e contou com a presença de filhos de pessoas homenageadas que não estavam presentes, como Dassuem Nogueira, filha do membro da Academia Parintinense de Letras e escritor Wilson Nogueira, ambos do time BNC Amazonas ; representantes de famílias inteiras, como os Ribeiros, representados por Kenison; descendentes de pessoas já falecidas, como Ilmar Martins, filho de Élcio e Nilce Martins, comerciantes da baixa; e compositores como Paulinho Du Sagrado e Eneas Dias.

Membros da comunidade fizeram falas que reforçam a importância da iniciativa para o fortalecimento do Quilombo da Baixa.

Dé Monteverde, coordenador do Departamento de Patrimônio e Memória do Garantido, conversou com o BNC Amazonas e disse que “a gente quer, justamente, o quilombo em si e fazer ações [como o Museu Vivo da Baixa da Xanda], mas a gente quer conclamar a comunidade pra construir isso juntos!”.

Efervescência

A exposição Museu Vivo da Baixa é apenas uma das ações do Departamento de Patrimônio e Memória.

“A gente não quer ficar só nisso. A gente quer fazer rodas de conversa com a tia Maria contando história pra cá [mercado Lindolfo Monteverde] com a comunidade. Na verdade, a gente quer fazer desse espaço uma efervescência cultural permanente porque a gente tem muitos elementos aqui. A gente tem músicos, atores…”, disse o coordenador.

Memória da comunidade

A iniciativa busca ainda o fortalecimento da memória da comunidade.

Dé explicou que, além dos Monteverde, outras famílias participaram da formação do boi Garantido, mas seus descendentes não têm o mesmo reconhecimento.

“Eu faço uma provocação: as pessoas da baixa precisam estar dentro da arena, para além da narrativa. Tem gente aqui que nem sequer entrou no bumbódromo por falta de oportunidade. E mais: quase todas essas pessoas têm alguma família que brincou no boi, brincou na baixa, ajudou [nos festejos do boi Garantido]. Para cada artista consagrado que entra na arena, tem que ter alguém daqui. As pessoas da baixa têm que estar na alegoria do povo do quilombo, elas precisam estar lá! A arena precisa operar tecnicamente, mas as pessoas são de verdade, elas gostam de brincar, participar. E, quando a gente olha pra trás, os pais e as mães foram os abnegados que lutaram tanto para que esse boi estivesse onde está”.

Fotos: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas