Marina volta a ser ofendida na Câmara por defensores do agro na Amazônia
O bolsonarista Alberto Neto acusou a ministra de prejudicar o agronegócio

Mariane Veiga
Publicado em: 02/07/2025 às 20:52 | Atualizado em: 02/07/2025 às 20:52
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi novamente alvo de ofensas durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (2).
O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) repetiu ataques feitos em sessões anteriores e acusou a ministra de ser “repetitiva”, “adestrada” e uma “personagem de teatro da defesa ambiental”.
Ele também insinuou que Marina não entende o agronegócio por “nunca ter trabalhado ou produzido”.
Durante a sessão, a ministra defendeu os dados de queda de 46% no desmatamento em 2024 em comparação com 2022 e rebateu as críticas com referências bíblicas e apelos por respeito.
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Parlamentares da base aliada reagiram às ofensas e cobraram civilidade nas falas dirigidas a uma ministra de Estado.
Marina também destacou o apoio do presidente Lula, que, em evento recente, afirmou que a ministra é injustamente atacada por suas posições ambientais.
Ela comparou a reconstrução de sua pasta à tarefa de “consertar um avião em pleno voo”, em referência à situação encontrada após o governo anterior.
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Deputados que atacaram a ministra:
Capitão Alberto Neto (PL‑AM) sugeriu que Marina pedisse demissão, responsabilizando-a por prejudicar o agronegócio.
Evair Vieira de Melo (PP‑ES) repetiu termos ofensivos, chamando-a de “adestrada” e afirmando que utilizava “a mesma estratégia de retórica” de grupos como Farc, Hamas e Hezbollah. Ele também a acusou de não ter trabalhado nem produzido, caracterizou o discurso dela como “de esquerda” e a chamou de “mal‑educada”.
Zé Trovão (PL‑SC) ironizou Marina dizendo “Se acalme, ministra”, no momento em que ela explicava os avanços na Amazônia, o que foi visto como uma tentativa de silencimento.
Rodolfo Nogueira (PL‑MS), presidente da comissão, afirmou que Marina “persegue o produtor rural”, faz “discursos bonitos para plateia internacional” e que “falhou com o Brasil”, abrindo a sessão com questionamentos hostis.
Cabo Gilberto (PL‑PB) interrompeu a ministra pedindo que ela “tenha calma”, o que Marina denunciou como comportamento machista.
Esses ataques foram acompanhados por um ambiente carregado de tom agressivo e de embates entre ruralistas e aliados da ministra.
Marina Silva respondeu afirmando que se sentiu “terrivelmente agredida” e denunciou o machismo presente nas interrupções e no tratamento que recebeu.
Foto: Vinicius Loures/Agência Câmara