Alberto Neto sugere controle ambiental da BR-319
Deputado do Amazonas rebate argumentos contra a pavimentação e tese do “desmatamento inevitável”.

Publicado em: 11/07/2025 às 11:15 | Atualizado em: 11/07/2025 às 14:38
Em discurso protocolado na Câmara dos Deputados, o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) reforçou apoio à pavimentação da BR-319, associado ao uso integrado de tecnologias avançadas que permitem um controle territorial e ambiental mais rigoroso e eficiente. A declaração rebate as críticas recorrentes de que a estrada impulsionaria a abertura de ramais ilegais e, consequentemente, o desmatamento, e apresenta solução viável para a atual situação de abandono e informalidade na qual a rodovia se encontra há tantos anos.
A manifestação do parlamentar é uma resposta a decisão emitida pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que atendeu o recurso do Observatório do Clima e retomou a suspensão da licença prévia emitida no governo do presidente Jair Bolsonaro, com argumentos de inconsistências legais, técnicas e ambientais.
O deputado disse que o Brasil dispõe de um dos sistemas de monitoramento florestal mais sofisticados do mundo, com ferramentas como Prodes, Deter e MapBiomas, capazes de identificar desmatamentos em tempo quase real.
“Esses sistemas já monitoram alterações na cobertura vegetal com altíssima precisão. A tecnologia existe. Falta é vontade política para aplicá-la de forma coordenada”,
afirmou.
Inovação e monitoramento
Com base em tecnologias utilizadas em países como Canadá, Finlândia e Costa Rica, aplicáveis à BR-31, o deputado propõe uma abordagem integrada e um pacote tecnológico que incluiria:
- – Inteligência artificial e machine learning para identificar automaticamente padrões de abertura de ramais;
- – Drones com sensores multiespectrais, capazes de patrulhar grandes áreas da floresta de forma econômica e contínua;
- – Sensores GPS e geofonias para detecção de máquinas pesadas, som de motosserras e alterações no solo;
- – Blockchain para rastrear veículos autorizados e criar registros imutáveis de acesso à região;
- – Cancelas eletrônicas e câmeras de reconhecimento facial e de placas, para controle de acesso em tempo real;
- – Sensores de vibração no asfalto, detectando desvios da pista por tratores ou escavadeiras;
- – Comunicação via satélite para integração entre bases de fiscalização e resposta imediata a alertas;
- – Big data e cruzamento de dados com sistemas bancários, para rastrear movimentações financeiras relacionadas a crimes ambientais.
Desenvolvimento e rastreabilidade
Capitão Alberto Neto destacou que a pavimentação da BR-319 não apenas facilita a fiscalização ambiental, como também cria oportunidades para o desenvolvimento sustentável da região. Com a digitalização da infraestrutura, seria possível:
- – Rastrear a produção legal de açaí, madeira e outros insumos florestais via espectrometria e impressão digital da madeira;
- – Fortalecer cadeias produtivas locais com plataformas digitais de comercialização direta, reduzindo a dependência de intermediários;
- – Monitorar em tempo real indicadores como cobertura vegetal, qualidade da água e biodiversidade, por meio de dashboards públicos acessíveis à sociedade civil e comunidades locais;
- – Criar uma rede de monitoramento participativo com aplicativos móveis para denúncia e registro de atividades suspeitas.
Empregos e migração
A proposta do deputado também considera o impacto econômico local da digitalização da BR-319, com criação de empregos qualificados na região amazônica.
“Precisamos gerar oportunidades na própria floresta. Técnicos em sensoriamento remoto, operadores de drone, analistas de dados ambientais — todos podem trabalhar a favor da floresta, sem precisar sair de casa”, disse.
Preservar ou desenvolver
Para Alberto Neto, o argumento de que não é possível conciliar infraestrutura com preservação ambiental já está superado pela tecnologia.
“A verdadeira escolha é entre um desenvolvimento planejado, com controle e transparência, ou manter o abandono atual, que favorece o crime ambiental e impede o progresso das comunidades locais”.
Foto: divulgação