Pescador de latinhas, nasce uma profissão em Manaus 

Este pode ser, talvez, o registro do início de uma nova profissão descoberta no Brasil, na Amazônia. Essa atividade é a do pescador de latinhas.  

Certamente, não há registro na literatura. Mas essa profissão existe. Ela surge do fenômeno da explosão populacional nas grandes cidades.

Estou falando das fotos deste post. Os registros são deste 21 de julho de 2025, 15h57. Os cliques na zona Sul de Manaus, foram no igarapé do 40, que, nesta época do ano, com seu leito elevado, fermenta e exala toda ordem odores do lixo ali despejado. 

O igarapé ainda está cheio. Era lá que estava o personagem das fotografias. 

Assim que o vi, de relance, meu olhar de repórter se despertou. Até passei do ponto e tive que voltar correndo para não perder a cena. 

Ele estava numa canoa pequena, mas com cavernas, bancos e assentos de proa e popa. Do sol forte do início deste verão amazônico, ele se protegia com calça comprida e uma camisa de meia. 

Mas três detalhes levavam a crer se tratar de um pescador, arriscando encontrar algum pescado nas viscosas águas do 40, ou, quem sabe jacarés, que costumam aparecer por ali. Esses detalhes eram o chapéu de palha, o cigarro e a forma como ele remava.

Para ficar mais claro, vou detalhar ainda mais sobre isso, mas sobre o cigarro e a remada. 

Esses dois detalhes me levavam a crescer tratar-se de um pescador. Primeiro, o cigarro queimava tabaco; segundo, ele era um exímio pescador, porque havia momentos em que ele não usava os dois braços para fazer força no remo. Usava apenas uma mão, a direita, para se deslocar.

Tudo isso como fazem os pescadores nos lagos da Amazônia, atras dos cardumes de pescado.

Mas o personagem destas fotos, que não respondeu à abordagem do repórter, não estava ali em busca de peixes.

Ele pescava outra coisa: estava pescando latinhas, que há muitos deixaram de ser lixo e passaram a ser opção de renda para muita gente.