COP-30: crise de hospedagem expõe despreparo de Belém
Com preços abusivos na capital do Pará, a do Amazonas surge como alternativa viável.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 15/08/2025 às 09:48 | Atualizado em: 15/08/2025 às 10:46
A menos de três meses da abertura da COP-30, o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, alertou que Belém não tem condições de receber dignamente os milhares de participantes esperados para a conferência.
Ele chegou a sugerir que cidades vizinhas, entre as quais Manaus se inclui, poderiam sediar parte dos eventos, já que a capital paraense enfrenta um impasse sem solução concreta.
“Literalmente, pela expectativa de público, Belém não tem capacidade para receber esse pessoal”,
afirmou Sampaio, em entrevista à rádio Eldorado neste dia 15 de agosto.
Segundo levantamento da entidade, a cidade e região metropolitana de Belém poderiam comportar, no máximo, 45 mil pessoas, número inferior à demanda de cerca de 50 mil.
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Preços abusivos
O problema se agravou com diárias extorsivas de hospedagem na cidade, que chegaram a variar de US$ 500 a US$ 1.000, e em alguns casos, a cifras muito mais altas.
“Os valores subiram exponencialmente, não necessariamente pelos hotéis, mas pelo movimento das plataformas de hospedagem, que exacerbaram os preços”, disse Sampaio.
O governo federal buscou uma saída com a assinatura de um termo de ajuste de conduta (TAC) para limitar aumentos e conceder descontos de 20%. Mas, a medida se mostrou insuficiente.
“Muitos hotéis já contratualizaram com países que aceitaram pagar preços mais altos, e não há forma legal de rasgar esses contratos”, disse o presidente da federação.
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Alternativa ignorada
A proposta de descentralizar parte da programação foi levantada como saída.
“Talvez considerar algumas cidades da região amazônica para sediar parcelas das discussões, mantendo o espírito de realizar tudo dentro do ambiente amazônico”, sugeriu Sampaio.
Apesar disso, o governo federal resiste a deslocar qualquer atividade para fora de Belém, insistindo que a capital paraense é a única sede oficial.
O risco de elitização
A polêmica já ganhou repercussão internacional, com a ONU realizando reuniões emergenciais e veículos da mídia, como The Guardian e Financial Times, alertando para o risco de exclusão de ongs e países pobres da conferência.
Se nada mudar, a COP-30 pode se tornar um evento restrito a quem pode pagar. E isso significará contradição direta com os princípios de justiça climática que deveriam nortear a cúpula.
Ouça a entrevista, na íntegra:
Foto: Agência Pará/divulgação