CPI do INSS: bolsonaristas derrotam Lula, Alcolumbre e Motta
Senador bolsonarista venceu eleição contra Omar Aziz, indicado do presidente do Senado para comandar a comissão.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 20/08/2025 às 15:00 | Atualizado em: 20/08/2025 às 17:08
A eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para presidir a CPMI do INSS, ocorrida na manhã desta quarta-feira (20 de agosto), é uma derrota acachapante dos presidentes Lula da Silva (PT), do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Isso porque a oposição derrotou, por 17 votos a 14, a indicação do senador Omar Aziz (PSD-AM) para presidir a comissão. Ele havia sido indicado pelo governo e por Alcolumbre.
Além disso, o presidente eleito indicou trocou o relator da CPI. Ele escolheu o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) e tirou Ricardo Ayres (Republicanos-TO), que era indicação de Motta e do ainda todo-poderoso Arthur Lira (PP-AL).
Desse modo, o que se esperava era uma comissão parlamentar de inquérito dominada por aliados do governo federal. E mirava investigar as fraudes no INSS a partir de 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro.
No entanto, como os rumos mudaram de forma inesperada, a comissão, agora com maioria bolsonarista e sob comando da direita, vai focar as investigações a partir de 2023, quando começa o quarto mandato de Lula.
“Para o governo, a parte boa é que, pelos membros, a CMPI vai ser um circo. Além do mais, terá pouca parte técnica para pôr o governo contra a parede”, afirmou um analista político.
Por outro lado, aliados críticos do governo, os de centro-direita, culpam a total falta de articulação das lideranças de Lula no Senado, especialmente do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) – líder do governo no Congresso Nacional.
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Mudança no Amazonas
Outro aspecto que chamou a atenção foi a mudança de nomes da bancada do Amazonas na composição da CPI mista.
Até ontem, estavam os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga (MDB) e os deputados federais Silas Câmara (Republicanos) e Sidney Leite (PSD).
No entanto, na manhã de hoje, quando abriu a sessão para eleger os membros da mesa, o nome de Silas Câmara já não constava na lista. E quem entrou de última hora foi o senador Plínio Valério (PSDB-AM).
Questionado sobre sua saída da comissão, Silas disse que era suplente, pelo Republicanos, e o titular, o deputado Alfredo Gaspar, que virou relator, tinha o direito a voto, e o fez contra Aziz.
Com relação ao voto de Valério, não se sabe se foi a favor do candidato de Viana ou do parceiro de bancada do Amazonas. O voto na eleição foi secreto.
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Fraude de R$ 6,4 bilhões
O objetivo da CPMI é investigar descontos indevidos em benefícios de segurados do INSS praticados por associações de representação de aposentados, a partir de 2019.
Segundo investigações da Polícia Federal, a fraude pode ter chegado a R$ 6,4 bilhões ao longo de seis anos.
O pedido de criação da comissão foi apresentado em 12 de maio deste ano pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada Fernanda (PL-MT).
Elas destacam que investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgadas em abril, apontaram a existência de um esquema de cobrança de mensalidades não autorizadas sobre os benefícios de aposentados e pensionistas.
A comissão mista é formada por 15 senadores e 15 deputados, além de mais um integrante de cada casa representando a minoria. No total, serão 32 titulares e o mesmo número de suplentes, nomes indicados de acordo com a proporcionalidade partidária.
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado