Impactante, Caprichoso fecha o Festival esbanjando criatividade

Neuto Segundo
Publicado em: 02/07/2018 ร s 06:17 | Atualizado em: 02/07/2018 ร s 06:40
Um espetรกculo grandioso, marcado pela organizaรงรฃo, vibraรงรฃo da galera e a garra dos itens na arena do Bumbรณdromo, assim o Boi Caprichoso com a temรกtica “Arte, Revoluรงรฃo pelo Saber Popular”, fechou a รบltima noite do Festival Folclรณrico de Parintins 2018.
A Exaltaรงรฃo Folclรณrica “Maria do Povo” foi o primeiro impacto do รบltimo capรญtulo do projeto โSabedoria Popular: Uma Revoluรงรฃo Ancestralโ. O momento folclรณrico contou a participaรงรฃo especial da Ex-Cunhรฃ-Poranga, Daniela Assayag, e da cantora Mara Lima.
Ao chamado do berrante do Amo do Boi, Prince do Caprichoso, o tripa Alexandre Azevedo surgiu com o bumbรก da estrela de dentro doย mรณdulo alegรณrico, trabalho do artista Nonoca Costa. Confeccionada pelos artistas estreantes Makoy Cardoso e Glemberg Castro, a alegoria da Figura Tรญpica Regional โA Cabocla Tecelรฃโ abordou o dom artรญstico das artesรฃs amazรดnicas, que se transformou em cenรกrio para exaltaรงรฃo folclรณrica, de onde surgiu a Sinhazinha da Fazenda, Valentina Cid em uma plataforma elevatรณria no centro da arena, que evoluiu para a galera azulada delirar na arquibancada.
Da alegoria, tambรฉm surgiu um mรณdulo em formato de embarcaรงรฃo com artistas e ajudantes. A alegoria de Figura Tรญpica Regional tambรฉm mudou de cenรกrio para os artistas pintarem um mosaico em plena arena. Personagens como o missionรกrio italiano Irmรฃo Miguel de Pascale comporam o cenรกrio da alegoria, com umaย rรฉplica do Cristo Redentor, que conduziu o Caprichoso para a evoluรงรฃo ao som de “Boi de Negro”.
A Porta-Estandarte, Marcela Marialva, chegou na arena conduzida por uma borboleta. Durante a evoluรงรฃo, a guardiรฃ do pavilhรฃo fez inovaรงรฃo com o estandarte que aumentava o tamanho da haste mecanicamente atรฉ sete metros de altura e, na fantasia, assinada pelo artista Makoy Cardoso, fazia movimentos em um boi em miniatura.
A vaqueirada evolui com o Boi Caprichoso na arena. Tribos indรญgenas e tuxauas, com o pajรฉ Netto Simรตes, danรงaram “Tambor dos Mortos” para organizaรงรฃo do conjunto folclรณrico. Com dedinhado de violรฃo do consagrado mรบsico paraense, Sebastiรฃo Tapajรณs, a Lenda Amazรดnica “O Boto Romanceiro”, alegoria do artista Mรกrcio Gonรงalves, comeรงou a evoluรงรฃo com uma danรงa mรญstica de seduรงรฃo. Oย destaque ficou para as toadas โO Boto Romanceiroโ e โFesta de Botoโ, trilhas musicais da lenda, quando foi anunciada a chegada da Rainha do Folclore, Brena Diannรก, para danรงa de despedida do item, apรณs uma dรฉcada de soberania no festival.
Brena Diannรก nรฃo conteve as lรกgrimas durante a evoluรงรฃo diante da galera azulada em euforia. Asย tribos coreografadas fizeram um grande espetรกculo cรชnico ao danรงarem a toada “Dowari – O Caminho dos Mortos”, com direito a homem voador. Aย gigantesca alegoria โBoitatรก โ Cobra de Fogoโ, assinada pelo renomado artista Juarez Lima, inovou pela estรฉtica da composiรงรฃo cenogrรกfica montada na arena, com a lendรกria serpente vinda do lixo das cidades brasileiras, com a proposta de mensagem clara de alerta aos agressores da natureza pela poluiรงรฃo dos rios. A alegoria, rica em efeitos especiais de luzes e movimentos, trouxe a Cunhรฃ-Poranga, Marciele Albuquerque.
O momento do ritual indรญgena foi reservado aโDowari โ O Caminho dos Mortosโ, cerimonial de transcendรชncia do povo Makurap, com alegoria do artista Jucelino Ribeiro. Na cerimรดnia, a sabedoria ancestral dos velhos pajรฉs makurap, que apรณs inalarem o rapรฉ de angico, ensina depois da morte, a alma deixa o corpo e inicia uma รฉpica epopรฉia rumo a maloca dowari, a morada dos mortos. Se com sabedoria, valentia e coragem conseguir cruzar o caminho dos mortos, a alma chegarรก a dowari para ser consagrada como um ser de luz. O pajรฉ Netto Simรตes surgiu do centro da alegoria do ritual para danรงar na arena e encerrar a apresentaรงรฃo do Caprichoso na รบltima noite de festival.