Candidatos a governador ocultam presidenciáveis

Publicado em: 12/09/2018 às 13:51 | Atualizado em: 12/09/2018 às 14:11
Por Rosiene Carvalho, da Redação
A disputa pela Presidência da República, prato principal em todas as mesas de conversa nas últimas semanas, é tempero non grato para a maioria dos candidatos ao Governo do Amazonas.
Dos 13 candidatos e candidatas à Presidência da República desta eleição, dez estão com partidos coligados em alguma das sete chapas que concorrem ao Governo do Amazonas. Mas os candidatos ao governo adotaram a prática de ocultação de presidenciáveis.
No entanto, apenas dois candidatos a governador fazem palanque, defendem o programa de governo e pedem votos aos seus presidenciáveis. Até agora apenas Lula, o candidato do PT barrado nas urnas pelo TSE, tem comitê funcionando em Manaus.
Leia também:
Ocultação é estratégia para conter rejeição, dizem analistas
Ciro Gomes (PDT) deve lançar seu comitê no sábado, na cidade. O anúncio do ato é feito pela assessoria de comunicação da campanha de Amazonino quase um mês após o início da campanha eleitoral e depois de Ciro ser sistematicamente ignorado pelo governador nos últimos meses, até mesmo na convenção estadual da sigla.
Três candidatos à presidência não tem os partidos em nenhuma das chapas ao Governo do Amazonas. São eles: Henrique Meirelles do MDB candidato do partido do presidente Michel Temer, José Maria Eymael (DC) e João Amoedo do Novo.
As duas primeira siglas estão na chapa do senador e candidato à reeleição Eduardo Braga (MDB), que joga sozinho e não associou seu nome nem aos candidatos à presidência e nem aos candidatos ao governo.
Raio X
Com o início da propaganda gratuita de rádio e TV, no ar há duas semanas e meia, esse distanciamento das candidaturas locais do palanque nacional ficou mais claro.
Pedido de voto, defesa do plano de governo e espaço para presidenciável só quem abriu foi a candidata ao governo do Amazonas, Lúcia Antony (PCdoB), para o PT, e Sidney Cabral (PSTU) que defende sua candidata à presidência, Vera Lúcia (PSTU).
Amazonino tem três candidatos na coligação
Na coligação “Amazonas com segurança” de Amazonino Mendes estão os partidos de três presidenciáveis: Ciro Gomes do PDT, Jair Bolsonaro do PSL e João Goulart Filho (PPL).
Outro partido que está próximo do arco de aliança da coligação, segundo o próprio Amazonino, é o tucano Geraldo Alckmin que tem Ana Amélia do PP como vice. O PP é o partido da candidata a vice do governador, Rebecca Garcia.
Amazonino foi questionado pelo BNC, na dia da convenção do PP, sobre a salada de presidenciáveis na chapa, em especial sobre o que significava o PSL de Bolsonaro na sua coligação.
O governador respondeu que seu candidato à presidência é Ciro Gomes, que é de seu partido, e que o PSL era como os outros partidos que o apoiam. Na ocasião, ele acrescentou que o importante em um candidato à presidência é saber se ele é contra ou a favor da Zona Franca de Manaus.
Mas Ciro penou para tentar o apoio de Amazonino antes da convenção. Nos bastidores, Amazonino dava declarações simpáticas relacionadas ao candidato do MDB, Henrique Meirelles, e conversava com petistas sobre assumir defesa da campanha de Lula no Amazonas em troca de apoio.
O governador recusou-se a receber Ciro em visita ao Estado. Tanto que o presidente nacional, Carlos Lupi, anunciou duas datas para vinda de Ciro ao Amazonas, que nunca se concretizaram.
O presidenciável só conseguiu mesmo a simpatia declarada do governador na convenção nacional, quando Amazonino foi sob a pressão da rebeldia do presidente estadual do PDT, Hissa Abraão, que ameaçava prévias internas para a escolha do candidato ao governo.
Não passou disso. Ciro é ausência constante nas declarações, imagens de campanha e pedido de votos de Amazonino.
Lúcia Antony é Lula
Lúcia Antony chega a falar mais de Lula e de sua candidata ao Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB), do que dela própria. A candidata, sob o ponto de vista político, cumpre a razão pela qual o nome dela foi lançado aos 46 minutos do segundo tempo ao Governo do Amazonas. Lula e Vanessa foram rejeitados na opção primeira do PT ao Governo do Estado, que era o candidato David Almeida (PSB).
Sidney Cabral defende PSTU
Com espaço reduzido na TV e rádio e impedido de participar dos debates, Sidney defende o plano de governo socialista e sua candidata à Presidência, Vera Lúcia (PSTU), nas entrevistas que tem participado.
Berg da UGT destoa de Boulos
O candidato do PSOL, Berg da UGT, concorre em chapa puro sangue neste pleito e, naturalmente, poderia ter criado palanque para defender a campanha do presidenciável Guilherme Boulos, representante das bandeiras socialistas e de esquerda no plano nacional.
Porém, o plano de governo e o discurso de Berg da UGT são focados nas questões locais e numa direção contrária do que defende Boulos. Berg, por exemplo, defende a implantação das UPP no Amazonas nas “zonas mais perigosas” como forma de combate à violência.
Já Boulos defende a tese de Mariele Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro e ícone do combate aos abusos policiais nas comunidades periféricas: que as UPPs criaram “um Estado Penal que, pelo discurso da ‘insegurança social’, aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres”.
O discurso de Berg também é desgarrado das bandeiras do PSOL no que diz respeito à descriminalização do aborto, dos direitos dos LGBTS, da liberação da maconha, da política econômica e tributária que defende Boulos.
David flertou de Bolsonaro a PT, mas decidiu ficar só
O candidato da coligação “Renova Amazonas” flertou com vários presidenciáveis, incluindo os do PT e o deputado federal Jair Bolsonaro, mas, por fim, decidiu focar apenas no seu nome.
Na coligação de David, está o Podemos que tem como candidato à presidência o senador Álvaro Dias. Desconhecido no norte, o candidato também está sem atuação local em seu favor.
David, depois da saída do PT de sua coligação, escolheu como vice o vereador Chico Preto (PMN) que, antes disso, conseguiu chamar atenção para si dando declarações de simpatia ao presidenciável Bolsonaro. Único ao Senado que teve essa atitude.
Em função desse posicionamento, a mídia nacional considera que o palaque de David no Amazonas é o que representa Bolsonaro. O PSB nega essa escolha.
Omar diz não ter decidido voto
O candidato ao governo da coligação “Amazonas com segurança”, Omar Aziz (PSD), tem feito sucessivas declarações indicando que ainda não definiu voto à presidência nesta eleição. A razão que o candidato aponta é a falta de clareza nas propostas relacionadas à região e à Zona Franca de Manaus.
A coligação dele conta com dois partidos cujos os candidatos à presidência são: o tucano Geraldo Alckmin (PSDB), citado em entrevistas pelo candidato ao Senado do grupo, Plínio Valério (PSDB), e pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), pai e mentor político do vice de Omar, Arthur Bisneto (PSDB).
Omar tem ainda na sua base aliada neste pleito o Patriota do polêmico candidato à Presidência Cabo Daciolo.
Wilson Lima também se distancia dos seus presidenciáveis
O candidato outsider deste pleito, o apresentador de TV Wilson Lima, também surfa longe das candidaturas à presidência da República. O partido dele indicou o vice de Álvaro Dias e o partido do vice de Wilson, o defensor público Carlos Almeida (PRTB), indicou o vice de Bolsonaro.
O terceiro partido da coligação de Wilson tem Marina Silva (Rede) como presidenciável. Ela foi a segunda candidata mais votada nas duas últimas eleições à presidência da República no Amazonas, e também é ignorada pela coligação “Transformação por um novo Amazonas”.
Arte: Alex Fideles/BNC
Ocultação é estratégia para conter rejeição, dizem analistas