O braço direito da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes (foto ), é apontado como beneficiário de fraude milionária protagonizada pela corretora Dimarco na Bolsa de Valores. O economista é candidato a ministro da Fazenda num eventual governo de Bolsonaro.
Guedes se defende: “Se tem 30 dias que fui citado, vou tomar conhecimento de que citação é essa. Eu sei que assim que comecei a ajudar numa campanha começaram a aparecer citações”, declarou à revista digital Crusoé , citada por Congresso em Foco .
O economista é citado em processo recém-julgado pela Justiça Federal como beneficiário de um esquema fraudulento que provocou perdas milionárias na Bolsa de Valores ao Fapes, fundo de pensão dos funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ).
As informações da Crusoé estão nos autos e na sentença proferida em 3 de julho pelo juiz Tiago Pereira, da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.
Segundo a reportagem de Filipe Coutinho, os documentos reunidos no processo apontam que a GPG Participações, do economista e de seu irmão, faturou R$ 600 mil em apenas dois dias de operação na Bolsa por meio de uma ação fraudulenta, conduzida pela corretora Dimarco.
No período investigado, o fundo de pensão, também sob a batuta da corretora carioca, amargou prejuízo de R$ 12 milhões.
Os clientes citados como beneficiários do esquema, incluído aí Guedes, ganharam R$ 5 milhões.
Segundo a revista, como o foco estava na conduta da corretora, a investigação não avançou sobre o economista.
Mas, ainda conforme a publicação, o magistrado é categórico ao concluir que as fraudes cometidas pela corretora beneficiaram o mentor econômico de Jair Bolsonaro e outros investidores.
Ele teve sucesso em todas as 17 operações que fez.
“Como prova da atribuição ilícita de contratos em favor de clientes escolhidos pelos réus, é a constatação de que dois dos comitentes investigados, Franklin Delano Lehner e GPG Participações LTDA, que apuraram ótimos resultados no mercado futuro de Ibovespa quando operaram pela Dimarco, em pregões com a participação da Fapes, tiveram, ao mesmo tempo, péssimos resultados quando realizaram transações análogas em outras corretoras, o que demonstra que o sucesso de suas transações não se poderia explicar, unicamente, por seu conhecimento e por sua capacidade de mercado”, diz trecho da sentença do juiz Tiago Pereira.
Outro lado
Em entrevista à Crusoé , Paulo Guedes disse que seus operadores tinham autonomia para distribuir as ordens de investimento entre diversas corretoras e que é normal ter lucros e perdas expressivas em diferentes corretoras. O economista afirmou que não tem relação com a Dimarco e que desconhecia o processo em que é citado.
Guedes afirmou que vai buscar informações sobre o caso e o associou ao período eleitoral. “Se tem 30 dias que fui citado, vou tomar conhecimento de que citação é essa. Eu sei que assim que comecei a ajudar numa campanha começaram a aparecer citações. E vou lidar com elas, cada uma por vez”, declarou à revista digital.
Foto: Reprodução/Instituto Millenium