Segurança de presídios em alerta com suposto plano de rebeliões

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 11/11/2018 às 11:38 | Atualizado em: 11/11/2018 às 11:49
A partir da desconfiança de que um plano espetacular está em curso para resgatar chefes de facção criminosa de presídios de São Paulo, autoridades da segurança pública praticamente emitiram nesta semana um alerta de rebelião prisional em todo o país.
Sinais de dentro do sistema prisional, reforçados pela disposição anunciada do presidente da República eleito Jair Bolsonaro (PSL) de endurecer o jogo com os condenados pela Justiça, como o fim da progressão de regime de presos e das saídas temporárias, indicam que as rebeliões estariam previstas para ocorrer entre o Natal e meado de janeiro.
Em São Paulo, o ousado plano do crime organizado para resgatar seus líderes envolve estratégia de guerra, com equipamentos modernos e armamento pesado. Nos últimos dias, drones foram vistos sobrevoando os presídios.
O blog “Faces da Violência”, de Renato Sérgio de Lima, publicado no portal da Folha de S.Paulo, levanta a questão sobre o quanto as forças de segurança brasileiras têm condições de fazer frente a esse aparato de guerra dos criminosos.
No caso dos drones sobre os presídios paulistas, a polícia mostrou não estar preparada. Além de não bloquear os sinais dos aparelhos, os policiais saíram em viaturas a perseguir os drones para abatê-los. Sem sucesso.
A inteligência de segurança pode não ter considerado que os drones “poderiam ser ‘iscas’ para mapear tempo de reação e mobilização das forças de segurança”, escreve Lima.
Teria sido apenas um teste do crime organizado da capacidade de resposta do poder público.
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Mau uso dos recursos
O blogueiro analisa que o sistema de segurança e justiça criminal do país ainda atua “do mesmo modo que nossos bisavós e avós enquanto o crime se moderniza, usa drones, redes sociais e se comunica por meio do Whatsapp e outros aplicativos”.
Outro aspecto avaliado é que o Brasil aplica mal seus recursos. No caso de São Paulo, metade das ocorrências de tráfico de maconha envolve pessoas que portam, no máximo, 40 gramas da erva. A quantidade é equivalente a dois bombons.
Para o registro dessas ocorrências, policiais perdem horas preciosas envolvidos na burocracia das delegacias enquanto criminosos continuam a agir nas ruas.
É esse cenário preocupante que espera o novo governo. Episódios fatídicos, como o do réveillon de 2017 em Manaus, quando umas seis dezenas de presos foram mortos no que ficou conhecido como “massacre do Compaj”, são lembrados pelo blog Faces da Violência como possíveis de se repetir.
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Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil