por Israel Conte , da redação
Lideranças políticas ouvidas pelo BNC Amazonas falaram em “temeridade”, “falta de diplomacia” e “irresponsabilidade” do governo brasileiro ao avaliarem a saída de Cuba do programa Mais Médicos.
Segundo o Ministério da Saúde somente no Amazonas deixarão de atender no interior e em áreas periféricas da capital um total de 292 profissionais.
O senador Eduardo Braga (MDB) fará pronunciamento na próxima semana em defesa do Mais Médicos.
“A decisão de Cuba foi uma decisão unilateral e compete agora ao governo brasileiro encontrar uma solução rápida e imediata porque o povo não pode ser penalizado. Na semana que vem a gente pretende se posicionar a favor do Mais Médicos porque esse é um programa que ajuda o interior do Amazonas e o interior do Brasil com 8 a 10 mil médicos a mais na Atenção Básica de Saúde”, pontuou Braga.
O líder da bancada federal do Amazonas, senador Omar Aziz (PSD), também se pronunciará em Brasília.
“Esse tema atinge diretamente a população ribeirinha do Amazonas. Vou me pronunciar porque não dá pra sair médico do dia pra noite e o povo ficar desassistido”, disse Omar.
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O deputado federal eleito Marcelo Ramos (PR) condenou o que chamou de “medida radicalizada sem um plano de contingência”.
“Isso é uma atitude descuidada do atual governo e do futuro governo. Tirar o cubano sem ter o brasileiro pra substituir é uma temeridade, uma irresponsabilidade com a nossa gente, com o homem do interior que não pode ficar sujeito aos caprichos ideológicos de quem quer que seja o governante”, comentou.
Descontinuidade
A saída de Cuba do Mais Médicos ocorreu após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) condicionar à continuidade do programa a aplicação de teste de capacidade, salário integral e a liberdade aos médicos para trazerem suas famílias ao Brasil.
As declarações de Bolsonaro foram consideradas pelo governo cubano como “depreciativas e ameaçadoras”.
Silas Câmara (PRB), deputado federal reeleito, entende que “faltou diplomacia e cautela” por parte do presidente eleito para tratar a questão.
“O prejuízo para o nosso estado não dá nem pra dimensionar. Afinal de contas quando nós vamos ter 292 médicos brasileiros, formados, que vão para o interior do Amazonas? Tem determinadas atitudes do novo presidente da República que ele precisa repensar”, disse o parlamentar que destacou ter lutado para a implantação do programa.
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“É uma lástima. O presidente da República nem assumiu e já está se posicionando contrário ao interesse da população mais pobre. A elite, qualquer coisa, tem atendimento de saúde, mas os pobres não. Lula se preocupou com eles. Dilma se preocupou. E o Bolsonaro não está preocupado com o povo pobre do Amazonas”, disparou o deputado estadual José Ricardo (PT).
O deputado federal eleito, delegado federal Pablo, do PSL, partido do presidente eleito, foi procurado para comentar o impacto da saída de Cuba do Mais Médicos para o Amazonas mas não respondeu às mensagens e nem atendeu aos telefonemas do BNC.
Edital
Depois do anúncio da saída dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos, o Ministério da Saúde informou que um edital será aberto nos próximos dias para a contratação de novos profissionais com prioridade para candidatos brasileiros.
Essa prática já ocorria nos editais anteriores.
Montagem sobre fotos de divulgação: Alex Fideles/BNC