A primeira fase do Sínodo da Amazônia, convocado no ano passado pelo Papa Francisco, reafirmou o receio do capitão Jair Bolsonaro (PSL) de que o evento possa ser parte de uma conspiração contra o seu governo. Nesse caso, a Igreja Católica faria parte da trama.
O seminário do sínodo realizado em Manaus, na semana passada, recebeu a inscrição de dez militares de diferentes organizações das Forças Armadas na região.
Sete deles participaram de grupos de trabalho que discutiram temas que custam caro ao governo Bolsonaro: questões indígenas, mineração na Amazônia e meio ambiente.
Observadores
À paisana, os militares se comportaram como observadores. Embora tivessem direito à palavra, eles apenas ouviam e anotavam as discussões.
Essas discussões fundamentarão o documento que o Vaticano irá divulgar quando realizará o Sínodo da Amazônia, propriamente dito, em Roma, no mês de outubro.
Temor
O Sínodo da Amazônia vem sendo monitorado com preocupação por Bolsonaro desde o início de fevereiro, por intermédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), hoje sob o comando do general da reserva Augusto Heleno, ex-comandante do CMA.
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Espero que tenham compreendido
Assíduo nos dois dias de realização do seminário do sínodo, o ex-presidente da Funai, ex-senador João Pedro (PT), fez o seguinte comentário ao fim do evento, sobre a presença dos militares:
“Espero que eles tenham saído com a compreensão revigorada sobre a Amazônia e o papel da Igreja Católica”.
Mentalidade
Ontem, na Itália, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, fez o seguinte comentário acerca do evento, de acordo com o Jornal do Brasil :
“O crescimento desmedido das atividades agrícolas, extrativas e de desmatamento na Amazônia não apenas danificou a riqueza ecológica da região, de sua floresta e de suas águas, mas também empobreceu a realidade social e cultural”, afirmou Baldisseri”.
Foto: Jadir Augusto