Por Iram Alfaia , de Brasília
Em Brasília, em entrevista exclusiva ao BNC Amazonas, a ex-candidata à Presidência Marina Silva (Rede) disse que a Zona Franca de Manaus (ZFM) não pode ser pensada como um projeto infinito.
Para ela, o modelo cumpre papel importante para o Amazonas, mas precisa de transição para um plano que contemple o desenvolvimento do interior.
“Não se pode pensar na Zona Franca do jeito que ela está, ad infinito. Não se tem um plano de desenvolvimento para que o interior possa gerar oportunidades de empregos, trabalho, uso sustentável da floresta amazônica, inclusive a partir da sua biodiversidade”, argumentou.
Prosseguiu: “Ela (ZFM) é importante, mas não pode levar anos após anos, décadas após décadas sem que se pense numa economia diversificada para o estado”.
No seu entendimento, um plano de desenvolvimento para o Estado diversifica a economia evitando a dependência de um único setor.
“Hoje a maioria da população do Amazonas está em Manaus, mais de 70%. Do ponto de vista da saúde, do saneamento básico, políticas de transito e de habitação isso tem um custo e o interior vai ficando completamente esvaziado”, argumentou.
Para ela, é necessário que se tenha um plano de transição para a diversificação da economia, que contemple alternativas para as populações e comunidades do interior.
“Isso se faz com o uso sustentável da floresta, dos recursos com turismo e outras atividades que possam ser combinadas para que não se tenha a dependência única e exclusivamente da Zona Franca. Ela é importante, mas não pode ser prorrogada ad infinito sem que se faça o dever de casa, pensando em saídas que sejam sustentáveis”, concluiu.
Conflitos de terra
Marina Silva (Rede) falou também sobre o projeto de lei que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai enviar ao Congresso isentando o produtor que atirar contra invasores de terras.
Segundo ela, se a proposta existisse na época em que o fazendeiro Darly Alves da Silva e o seu filho Darci Alves assassinaram Chico Mendes, eles não teriam sido condenados pelo crime.
O ambientalista foi morto no dia 22 de dezembro de 1988, em Xapuri (AC).
“Permissão pra matar, né? Por que não resolve o problema como falta de terra para os trabalhadores rurais que não têm terra e ter uma política correta de reforma agrária? Você dá licença para matar num momento em que há recrudescimento da violência contra trabalhadores rurais, contra ambientalista”, indignou-se.
Para ela, é uma lei que se existisse na época do assassinato de Chico Mendes o desfecho para os autores do crime poderia ser outro. “Eles não teriam pagos pelos crimes que cometeram, só para se ter ideia do absurdo que é a natureza dessa lei”, afirmou.
Foto: BNC AMAZONAS, em 28/09/2018