Ministro diz que suspendeu e não cortou verba das universidades

Publicado em: 07/05/2019 às 17:01 | Atualizado em: 07/05/2019 às 17:01

O ministro da Educação, Abraham Weintraub (foto), negou, nesta terça-feira (7), que tenha havido cortes na verba das universidades federais. Segundo ele, o que houve foi um contingenciamento (suspender), que é muito diferente de corte.

“Não houve corte, não há corte. Há um contingenciamento. Se a economia tiver um crescimento com a aprovação da nova Previdência, e eu acredito nisso, isso vai retomar a economia. Retomando a dinâmica, aumenta a arrecadação e descontigencia”, garantiu ao ser questionado na Comissão e Educação do Senado sobre o anúncio feito na semana passada de bloqueio de 30% da verba de instituições federais de ensino superior. A Agência Brasil acompanhou a presença do ministro no Senado.

Weintraub se disse surpreso com a repercussão da decisão e defendeu o contingenciamento que, segundo ele, é sobre “uma parte pequena do volume total de despesas”, que atinge apenas a parte discricionária das universidades federais: “A folha de pagamento e o refeitório estão integralmente preservados”.

Ele disse ainda que as 65 universidades federais custam, em média, R$ 1 bilhão por ano.

O ministro disse que pretende dar mais autonomia às universidades, mas que isso não pode ser confundido com apoio ao que chamou de “soberania” dessas instituições.

Nesse sentido, ele criticou o uso de drogas dentro de universidades públicas e defendeu a entrada da polícia nos campi universitários para combater o consumo de substâncias ilícitas.

“A autonomia universitária não é soberania”, disse. “Se tem coisa acontecendo dentro, por que a polícia não pode entrar [nas universidades]? Não tem que ter consumo de drogas, está errado. Sou contra isso”, afirmou.

 

Educação básica

Ao falar sobre os desafios do MEC, Weintraub enfatizou que a educação básica será a prioridade da pasta.

“A gente aqui no Brasil quis pular etapas, colocou dinheiro demais no teto e esqueceu a base”, disse.

As diretrizes apontadas no âmbito do Plano Nacional de Educação (PNE) incluem alfabetização, investimentos no ensino médio e valorização do ensino técnico. Weintraub defendeu ainda que o governo descentralize as tomadas de decisão da área. “Os heróis da alfabetização estão lá na ponta, nas cidades”, disse ao ressaltar que os alfabetizadores precisam voltar a ser respeitados.

 

Abraham Weintraub explica a senadores e a convidados da comissão o porquê das mudanças no ensino
Foto: Marcelo Camargo/ABr

 

Humanas X Exatas

Weintraub também falou sobre a decisão de reduzir investimentos na área de humanas e priorizar as disciplinas de exatas e biológicas, como engenharia e medicina.

Segundo ele, a decisão está baseada em números e critérios técnicos.

Weintraub disse que apenas 13% da produção na área de Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e Linguística têm impacto científico.

Ainda assim, segundo ele, a maioria das bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são de estudantes da área de Humanas.

“Gente que é paga para estudar”, disse acrescentando que, na maioria dos casos, esse investimento não traz retorno efetivo ao país.

O ministro se colocou à disposição para debater o tema “de peito aberto” com o Congresso e disse que o MEC não quer impor nada a ninguém: “o diálogo tem que ser feito com base em números, dados e premissas racionais. [Espero] que a gente se livre um pouco dos preconceitos”.

 

Fies

Sobre o programa de Financiamento Estudantil (Fies) o ministro voltou a dizer que o dinheiro investido pelos governos anteriores serviu para inflar os cursos de graduação nas instituições privadas.

Na avaliação de Weintraub, o programa fez com que os alunos criassem dívidas e ficassem sem emprego.

“É uma tragédia o financiamento estudantil. São 500 mil jovens começando a vida com o nome sujo“, criticou.

 

Foto: Marcelo Camargo/ABr