O interrogatório do governador cassado José Melo no âmbito da Operação Maus Caminhos, que investiga desvios de R$ 104 milhões da saúde do estado, foi adiado para esta quinta-feira, dia 8.
Ontem (7), a juíza Ana Paula Serizawa, da 4ª Vara Criminal da Justiça Federal, ouviu o ex-secretários de Saúde, Pedro Elias e Wilson Alecrim, o ex-secretário da Fazenda, Afonso Lobo e o ex-chefe da Casa Civil, Raul Zaidan.
Brincadeira
Em depoimento, Pedro Elias afirmou que costumava visitar a casa do médico e empresário Mouhamad Moustafa, apontado como líder da organização criminosa, mas achava que as propostas ilícitas oferecidas a ele eram brincadeiras.
“Mouhamad fazia muita brincadeira pelo celular. Eu levava isso (as ofertas de propina) também na brincadeira porque achava que ele sempre estava nesse nível de conversa”, declarou.
Sobre transferências bancárias para parentes nos valores de R$ 45 mil e R$ 55 mil, Elias falou que eram empréstimos que seriam pagos posteriormente.
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Só profissional
O ex-secretário Wilson Alecrim assinou o contrato do Instituto Novos Caminhos (INC), de Mouhamad, após edital da Comissão Gestora de Avaliação de Projetos, criada por ele na Susam.
Mas assegurou que sua relação com o médico era estritamente profissional. “Posso lhe assegurar com a verdade da minha vida que nunca me encontrei fora da secretaria com esse senhor, enquanto secretário. Depois que deixei a secretaria, ele me procurou para questionar contratos, acho que no shopping ou no escritório de algum advogado. Nunca dei privilégio para ele, se alguém disse isso está mentindo”, declarou.
Blindado
Raul Zaidan, acusado de receber um veículo importado, blindado, como parte de uma vantagem no esquema ilícito, afirmou que o carro foi pago por ele e era para sua proteção.
O ex-chefe da Casa Civil lembrou que em 2014, durante greve de policiais militares, mandou investigar oito diretores de associações que participaram de protestos que terminou com veículos depredados e pessoas agredidas. Após desentendimento com esses diretores passou a ser ameaçado.
Segundo Zaidan, Mouhamad intermediou a compra do carro e pagou, mas com recursos próprios de Zaidan.
“Eu declarei ao COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] a compra. […] Nem amostra grátis recebi do Mouhamad, somente o carro que foi todo pago com o meu dinheiro”.
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Sem privilégios
O ex-titular da Sefaz, Afonso Lobo, afirmou que não houve privilégios nos trâmites das empresas de Moustafa porque o ex-governador José Melo era muito responsável e preocupado com o uso consciente dos recursos públicos.
Ao reafirmar sua inocência, Lobo disse que deu o “seu melhor” enquanto esteve à frente da pasta. “Não integrei nenhuma organização criminosa. Meus advogados vão provar de maneira cabal minha inocência”, concluiu.
Foto: Reprodução/Radar