Crise na Lava Jato: seis procuradores pedem demissão

Neuton Correa

Publicado em: 04/09/2019 às 22:02 | Atualizado em: 04/09/2019 às 22:03

Os seis procuradores que compõem o grupo de trabalho da Lava-Jato na Procuradoria-Geral da República, Raquel Branquinho, Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Riccely e Alessandro Oliveira formalizaram pedido de demissão da força-tarefa na noite desta quarta-feira, dia 4.

A pedido ocorre na véspera do anúncio do presidente Bolsonaro (PSL) sobre o futuro chefe da PGR.

Alegando “grave incompatibilidade de entendimento” com manifestação do órgão ao Supremo Tribunal Federal (STF) em processo apurado por eles, o grupo enviou mensagem aos coordenadores da operação no Rio e em Curitiba.

A decisão pode estar ligada à homologação da delação premiada do empresário Léo Pinheiro, da OAS, assinada em dezembro do ano passado.

É que a procuradora-geral da República, Dodge Dodge, teria pedido para arquivar trechos que citam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e um irmão do presidente do STF, Dias Toffoli.

Na delação, Léo Pinheiro diz ter feito doações oficiais e repasses via caixa dois a Maia em troca da defesa de interesses da OAS no Congresso.

Já no anexo em que cita o ex-prefeito de Marília, José Ticiano Dias Toffoli, Pinheiro o acusa de ter recebido caixa dois e propina.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, prometeu anunciar até amanhã o nome do novo procurador-geral da República.

Raquel Dodge não figura mais na lista dos cotados para a indicação.

Leia o pedido de demissão do grupo:

“Devido a uma grave incompatibilidade de entendimento dos membros desta equipe com a manifestação enviada pela PGR ao STF na data de ontem (03.09.2019), decidimos solicitar o nosso desligamento do GT Lava Jato e, no caso de Raquel Branquinho, da SFPO. Enviamos o pedido de desligamento da data de hoje. Foi um grande prazer e orgulho servir à Instituição ao longo desse período, desempenhando as atividades que desempenhamos. Obrigada pela parceria de todos vocês. Nosso compromisso será sempre com o Ministério Público e com a sociedade.”

 

Foto: Carlos Moura/SCO/STF