O recuo na fiscalização de combate ao desmatamento na Amazônia pode ter contribuído para o aumento da derrubada de floresta na região. Ao menos é o que afirma o pesquisador Paulo Barreto (foto ), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em entrevista ao blog do Matheus Leitão, do G1.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe ), o desmatamento na Amazônia cresceu quase 30% entre agosto de 2018 e julho de 2019.
No mês passado, segundo Barreto ao blog, já havia dito que as frequentes críticas do governo à fiscalização contribuíram para aumentar a sensação de impunidade por quem comete crimes ambientais.
“O presidente [Jair Bolsonaro], antes de tomar posse, fez discurso de enfraquecimento das regras ambientais. Uma vez que tomou a posse ele continuou com o discurso agressivo e pela redução de fiscalização. Então [esse aumento] do desmatamento já era esperado”, afirmou Barreto.
Conforme o Inpe, a área desmatada da Amazônia entre julho de 2018 e agosto de 2019 foi de 9.762 km² , o que representa aumento de 29,5% em relação ao mesmo período anterior, que registrou 7.536 km² de área desmatada.
A medição é feita pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes ), considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.
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O Prodes usa o intervalo entre agosto e julho porque ele abrange tanto a época de chuva quanto a de seca na região amazônica, o que permite acompanhar os momentos mais importantes do “ciclo do desmatamento”.
“O governo não só reduziu a fiscalização, mas quando os fiscais apareceram em alguns casos, também desautorizou algumas medidas”, aponta Paulo Barreto, mencionando declaração do Bolsonaro sobre operação do Ibama contra a extração ilegal de madeira na floresta nacional do Jamari, em Rondônia.
Na operação, agentes queimaram carros e equipamentos dos suspeitos de crime ambiental.
Bolsonaro foi informado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e criticou a atitude dos agentes.
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Foto: Agência Pública