Da Redação
“Nós não queremos garimpo em nossa terra. Nós queremos que o governo cumpra seu dever de proteger a nossa terra. Queremos que o governo tire os garimpeiros que estão na nossa terra e impeça a entrada de mais garimpeiros. Nós conhecemos nossos direitos e sabemos que o garimpo na Terra Indígena Yanomami é ilegal”, diz um trecho da carta aberta dos Yanomami aprovada em encontro realizado no sábado, dia 23, em Roraima. Cerca de 120 indígenas formaram com seus corpos a expressão “Fora Garimpo”.
O documento foi lido nesta terça-feira, dia26, no plenário da Câmara dos Deputados, pela coordenadora da frente parlamentar indígena, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR).
No comunicado, assinado por sete associações, os indígenas também denunciam as consequências do garimpo.
“Os garimpeiros estão envenenando as pessoas e contaminando nossos rios, nossos peixes, nossos alimentos e espantando nossa caça. Sabemos que o mercúrio usado no garimpo está contaminando nosso povo. No rio Uraricoera, mais de 90% das pessoas que foram analisadas apresentaram alto índice de contaminação. Recentemente soubemos que mais da metade dos Yanomami de Maturacá também estão contaminados. O governo tem o dever de acabar com isso e trabalhar para cuidar da saúde dos povos Yanomami e Ye’kwana e proteger a terra-floresta.”
“Eles matam uns aos outros e enterram os corpos na beira dos rios ou jogam nos rios. Quando os garimpeiros mexem na terra e destroem a natureza, eles estão ofendendo os seres que vivem na floresta. Esses lugares foram destruídos e ninguém mais pode usar lá. A natureza está se zangando, e todos nós vamos sofrer, indígenas e não indígenas. Os garimpeiros são invasores que roubam o ouro, que tem que ficar embaixo da terra.”
Segundo as lideranças, os conhecimentos tradicionais, a saúde, os rios limpos e as crianças crescendo felizes são suas verdadeiras riquezas.
“Os garimpeiros estão destruindo a nossa riqueza. O nosso trabalho não é o garimpo, o nosso trabalho é a roça, é o artesanato, temos nossas formas próprias de gerar renda a partir de nossos conhecimentos sobre a floresta. Nossos conhecimentos têm mais valor que o ouro.”
O projeto de lei sobre o assunto está sendo elaborado pelo Ministério das Minas e Energia.
Foto: Reprodução/TV Câmara