A aquisição do Tropical Hotel, em Manaus, pode ter sido pelos próprios proprietários que levaram o empreendimento tradicional do setor à falência. O programa “Manhã de Notícias”, da Rede Tiradentes, divulgou suspeita levantada pelo mercado de que pode ter havido uma manobra, com eventual irregularidade, que derrubou em torno de R$ 60 milhões o preço da massa falida do hotel.
Do anunciado leilão de R$ 182 milhões, realizado na segunda, dia 16, o Tropical acabou arrematado por R$ 120 milhões, em lance condicional, que significa que o vendedor vai se manifestar se aceita o valor.
O juiz do leilão decide em 20 dias se aceita o lance oferecido para compra do hotel.
O negócio também ainda não estaria arredondado. Segundo publicou a imprensa nesta terça, dia 17, a Nyata Serviços Financeiros Ltda., não depositou a caução exigida pelo leiloeiro, de R$ 6 milhões, cujo prazo venceu em 12 de dezembro.
A empresa que fez o lance vencedor, a Nyata foi a única que se apresentou para concorrer no negócio.
Em outubro último, o administrador da massa falida, advogado Pedro Cardoso dos Santos, disse à TV Globo que o hotel foi avaliado em R$ 200 milhões.
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Crise no Tropical Hotel é tema de reportagem do Fantástico
Negócio sob suspeição
De acordo com fonte do BNC Amazonas , a Nyata pode ter sido uma “laranja” usada pela atual controladora do hotel, a Fundação Rubem Berta, em manobra para que continue no comando do negócio.
É antiga a relação entre as entidades. Em shows artísticos que a Rubem Berta realizava no Tropical, principalmente com atrações nacionais, a Nyata surgia responsável pela arrecadação.
Na mais recente ligação com os proprietários, a Nyata apareceu como uma espécie de avalista na negociação de dívidas do hotel com a concessionária Amazonas Energia.
Dívida de fornecimento de energia na casa dos R$ 20 milhões, que se arrastava há duas décadas, foi negociada em abril deste ano com desconto que derrubou a pendência para R$ 8 milhões. Mas, o acordo não foi honrado, segundo a concessionária. A Nyata não teria pagado a entrada e nenhuma das parcelas.
Como consequência, a partir de maio deste ano foi cortado totalmente o fornecimento de eletricidade para o Tropical Hotel Manaus. Além disso, toda a estrutura de ligação foi retirada.
A Amazonas Energia não é a única para quem os donos do Tropical devem. Há toda uma massa de funcionários abandonada à própria sorte que tenta receber o dinheiro de dívidas trabalhistas, que também são na casa dos R$ 20 milhões.
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Quem é a Nyata
Na internet, a Nyata se apresenta como uma solucionadora de pagamentos, credenciada pelo Banco Central.
Com a ambição de se tornar a maior facilitadora de negócios na região Norte, onde vê que os serviços dos concorrentes são de má qualidade, a Nyata tinha até antes do leilão deste dia 16 apenas três salas comerciais na zona centro-sul de Manaus, que seria a sede da empresa.
Além do Amazonas, a Nyata disse que atua também em São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina.
Foto: Divulgação/Amazonas Energia