Conspiração para tirar Moro de qualquer eleição até 2030 

 Revista Veja publica que, “sem saber, Sergio Moro se moveu em direção a uma armadilha na segunda­feira (27)”. 

Publicado em: 01/02/2020 às 10:00 | Atualizado em: 01/02/2020 às 11:08

Apesar de o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ter afirmado, no início da semana, que não tem pretensões na corrida presidencial, lideranças partidárias estão de “orelha em pé” com a intriga entre ele e o presidente Jair Bolsonaro em 2019 e mais a ameaça não concretizada de dividir a pasta dele em duas. 

Por via das dúvidas, segundo a revista Veja, essas lideranças, sob a batuta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, articulam aprovar um projeto de lei que viria a ser um balde de água fria nas pretensões eleitorais de Moro. 

 A revista diz que, “sem saber, Sergio Moro se moveu em direção a uma armadilha na segunda­feira (27)”. 

 Veja se refere a entrevista concedida pelo ministro. Uma semana depois de ameaçar deixar o governo por divergências com o presidente Bolsonaro diante da provável divisão da pasta da Justiça, o ministro foi indagado em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, sobre a possibilidade de assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).  

Diplomático, respondeu que achava a perspectiva “interessante” e até “natural” para um ex-­juiz de carreira como ele, mas que a escolha evidentemente cabia ao presidente da República. Se ficaria satisfeito caso essa indicação viesse a acontecer? “Claro”, disse, sem hesitar. 

 Moro também voltou a repetir que não será candidato a nada e que apoiará a reeleição de Bolsonaro.  

Segundo Veja, foram declarações na medida para atenuar as intrigas e suspeitas que levaram ao estremecimento das relações entre o ministro e o presidente durante o primeiro ano do governo.  

Foi também a senha que alguns esperavam para tirar da gaveta um plano que se propõe a eliminar qualquer possibilidade de Moro disputar uma eleição nos próximos anos. 

 

Popularidade 

Pesquisas mostram que o ministro da Justiça, caso decidisse ingressar definitivamente no mundo da política, seria o único nome capaz de bater Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais.  

Moro nega que tenha a intenção de concorrer com o chefe. Chegou a dizer, em tom de brincadeira, que, se necessário, tatuaria na testa “Bolsonaro 2022” para não deixar dúvidas sobre sua postura.  

O presidente, porém, não acredita nessa convicção — de uns tempos para cá, elegeu o ministro como adversário e ensaiou demiti-lo mais de uma vez, mas foi advertido de que poderia estar disparando um tiro no próprio pé.  

O ministro é dono de uma sólida popularidade. Recentemente, o PSL, o partido que abrigava Bolsonaro até o fim do ano passado, encomendou uma pesquisa para medir a gestão de Bolsonaro no governo e de Moro no ministério. Resultado: Moro alcança 72% de avaliações positivas, enquanto Bolsonaro fica 40 pontos atrás.  

Esse cenário reforça teorias e suspeitas de que o ministro tentará voos políticos mais altos.  

Ao mesmo tempo, desencadeia reações no grupo que não vê essa possibilidade com bons olhos. 

 

A conspiração 

Na reunião com as lideranças, Rodrigo Maia apresentou a solução: o Congresso tem na gaveta, pronto para ser votado, um projeto que prevê quarentena de seis anos para juízes e membros do Ministério Público que decidirem deixar a carreira e disputar eleições.

Se aprovada, a quarentena abarcaria estrategicamente duas eleições majoritárias (2022 e 2026), quando são escolhidos os governadores, senadores e o presidente da República, e uma disputa municipal (2024). 

 

Deputado Fábio Trad (PSD-MS) é o autor do projeto que atinge pretensões eleitorais de Sergio Moro
Foto: Câmara dos Deputados

 

“Há um sentimento generalizado sobre a necessidade de impedir que agentes públicos se utilizem do poder e se transformem em xerifes, pensando em um capital eleitoral para se eleger”, disse Fábio Trad (PSD-MS), autor do projeto.  

Trad nega que sua proposta, apresentada no fim do ano passado, seja dirigida a impedir a candidatura de Moro.  

Na reunião, Rodrigo Maia informou que, assim que terminar o recesso parlamentar, em fevereiro, pretende votar a urgência do projeto, o que significa que ele poderá ser tirado da gaveta e entrar em pauta a qualquer instante. 

Leia mais na Veja 

 

Foto: